Veto da PM ao Horto pode gerar mais uma polêmica envolvendo Atlético e Cruzeiro

Alexandre Simões e Henrique André
esportes@hojeemdia.com.br
24/04/2017 às 20:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:16

A reabertura do Mineirão, depois de dois anos e meio em reforma para as Copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014), deu a o futebol mineiro a esperança de que o seu maior produto, o clássico entre Atlético e Cruzeiro, voltasse para sua principal casa com as duas torcidas dividindo o estádio.

Mas não foi isso o que aconteceu. O que se viu desde então foi um festival de maldades com cada lado querendo ser mais esperto que o outro, tendo como alvo principal os torcedores adversários, que passaram a ser visitantes no Mineirão ou Independência.
Mais um capítulo dessa história deve ser vivido nesta terça-feira (25), quando uma reunião na sede da Federação Mineira de Futebol (FMF) decide detalhes relativos aos dois confrontos, marcados para os dois próximos domingos, às 16h.

O primeiro será no Mineirão, com mando do Cruzeiro. O segundo tem local indefinido, pois a Polícia Militar revelou nesta segunda-feira (24) que recomenda a disputa de clássicos no Independência, onde o Atlético joga, apenas com torcida única.
Pelo regulamento do Campeonato Mineiro, os mandos de campo das semifinais e final são da FMF. Portanto, cabe à entidade definir onde Atlético e Cruzeiro farão a partida que decidirá o Estadual de 2017.

Governador
Antes da reinauguração do Mineirão, uma reunião, na Cidade Administrativa, determinou que a partida de 3 de fevereiro de 2013 seria com torcidas divididas. Além disso, o governador da época, Antonio Anastasia, e o ex, o já senador Aécio Neves, fizeram um pedido aos dois clubes para que a partir da reabertura da arena, todos os clássicos fossem disputados no Gigante da Pampulha, com torcida dividida, como aconteceu entre 1965 e 2010.

O que se viu foi justamente o contrário. Na final do Campeonato Mineiro daquele ano, a ida, no Independência, teve os cruzeirenses ocupando menos de 10% da capacidade do estádio, com os atleticanos sendo visitantes na volta, disputada no Gigante da Pampulha.

Ingresso a 1 mil
Na decisão do Estadual de 2014 a regra foi usada novamente, mas o ano ficou marcado mesmo pela decisão da Copa do Brasil entre os dois clubes. O que seria um grande orgulho para o futebol mineiro se transformou num festival de lambanças.

Após a briga na divisa entre as duas torcidas, no clássico pelo returno do Brasileirão de 2014, que fez com que ambos perdessem mandos de campo, o então presidente do Atlético, Alexandre Kalil, disse que não pediria mais ingressos nos clássicos contra o Cruzeiro, no Mineirão, seguindo o que o rival já fazia nos confrontos no Horto.

A decisão cruzeirense foi tomada após uma pancadaria entre duas de suas organizadas dentro do Independência, antes do jogo pelo Brasileirão de 2013.

Mas na decisão da Copa do Brasil, Kalil mudou de ideia e requisitou os bilhetes. Perdedor na ida, no Horto, por 2 a 0, o Cruzeiro fez de tudo para limitar a presença de atleticanos, que não tiveram nem dois mil ingressos disponíveis, embora este número tivesse que ser próximo de seis mil. Além disso, colocou a entrada a R$ 1 mil.

De novo no Horto
Em 2015, o Cruzeiro voltou a pedir ingressos para a sua torcida nos clássicos disputados no Independência. E os problemas passaram a ser muitos para a Polícia Militar.

O acesso dos visitantes ao estádio é feito por vielas e o clima de insegurança é gigante. É um barril de pólvora, que a PM não quer ver estourar, por isso recomenda a não realização de clássicos, no Horto, com os cruzeirenses como visitantes.

Além disso, o comportamento da torcida azul no estádio gera muitos problemas, pois a arena, apesar de nova, coloca os visitantes sobre os torcedores do Atlético que pagam o programa de sócio mais caro.

E chovem objetos e “líquidos” na cabeça de quem está abaixo. Já foram jogados balões com a letra B vermelha pintada e milho, como provocações, mas também copos com urina e até bombas.

Visitantes
Por isso, os visitantes são proibidos de entrar no Independência com bandeiras e instrumentos musicais. Isso fez com que o Cruzeiro tentasse fazer com que a mesma regra valesse para a torcida atleticana no último clássico entre os dois clubes, em 1º de abril, no Mineirão, pela primeira fase do Campeonato Mineiro.

Alegando a “regra da reciprocidade”, na reunião antes do confronto, a diretoria do Cruzeiro pediu que fossem proibidos bandeiras, instrumentos musicais e mascotes.

O Atlético recorreu à FMF e a diretoria de competições da entidade deu razão ao clube, rechaçando as proibições cruzeirenses.
Insatisfeita, a diretoria do clube divulgou uma nota de repúdio contra o Castellar Guimarães Neto, presidente da FMF, alegando que ele, por ser conselheiro do Atlético, sempre está ao lado do clube nos momentos em que a entidade precisa resolver polêmicas.

A nota tinha origem dois anos antes, pois nas semifinais do Estadual de 2015, o Cruzeiro pretendia fazer o jogo de volta, em que era mandante, num sábado, por ter compromisso na terça-feira pela Copa Libertadores, mas não foi atendido. O Atlético tinha a intenção de jogar no domingo. E jogou.

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