Vinda da delegação britânica para Minas confirmou excelência das instalações da UFMG

Clarissa Carvalhaes
ccarvalhaes@hojeemdia.com.br
23/08/2016 às 07:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:30
 (Valéria Marques)

(Valéria Marques)

Dizer que a campanha da Grã-Bretanha – segunda no quadro de medalhas dos Jogos do Rio, atrás apenas dos Estados Unidos –, se deve à decisão de concentrar a reta final da preparação em Minas é um exagero. Mas os elogios dos visitantes e a certeza de que encontraram o que esperavam em termos de estrutura e logística são mais do que motivo de orgulho.

Se uma das maiores potências esportivas do planeta aprovou as instalações do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG, é a prova de que o Brasil dispõe de locais com excelência de sobra para qualificar não só atletas, como os profissionais que atuam em seu entorno.

“O Centro foi construído porque a Universidade considerou importante, não por causa da Olimpíada. A sua formação, aliás, não é apenas de atletas, mas também de material humano qualificado para trabalhar com esporte – treinadores, professores, fisioterapeutas, médicos e nutricionistas, entre outros. A formação é uma grande carência do país e pensamos nisso”, diz Luciano Prado, diretor do CTE.

O dirigente lembra que os programas de iniciação e desenvolvimento já envolvem 400 atletas da natação, atletismo, triatlo, judô e taekwondo, de diversas faixas etárias e classes sociais. E uma das ideias é consolidar a universidade como um polo esportivo. “Um dos grandes problemas do país é que, quando o adolescente chega à época de ingressar na vida universitária ele precisa deixar de ser atleta. Para quebrar essa concepção, permitimos que alunos da UFMG tenham a possibilidade e o incentivo para treinar em nossa estrutura.”



A corredora Bárbara Rodrigues da Cunha, de apenas 13 anos, é uma das apostas dos dirigentes do CTE. Fruto da vocação para “olheiro” do coordenador de atletismo do CTE, o polonês Leszek Szmuchrowski, ela foi descoberta na ginástica artística.

Levada para o atletismo, ela se empolgou com o novo esporte e já traça planos audaciosos.

“Meu sonho é disputar a Olimpíada de Tóquio, em 2020. Poder usar essa estrutura, que serviu aos ingleses, é fantástico”, afirma a garota Bárbara.



Luciano destaca que a presença britânica no CTE vai render um legado precioso: “eles izeram seminários, vários alunos assistiram os treinamentos, conversaram com membros da delegação. Estamos desenvolvendo projetos de pesquisa e os treinadores do atletismo britânico vão manter o contato com nossos treinadores.”

Ele chama a atenção para o fato de que o foco não deve ser apenas o esporte de alto rendimento. “Histórias como a do Isaquias (Queiroz) mostram como o esporte é instrumento de mudança social. Percebemos o esforço que vários pais fazem para que seus filhos continuem nos projetos. Um simples vale transporte garantido a uma criança é um fato que diz sim ou não à participação dele no esporte ou no tráfico de drogas. Se pensarmos que podemos multiplicar isso por várias crianças é um multidão de vidas salvas. Queremos incluir as pessoas em um país melhor”.
 Valéria Marques

     BENEFÍCIO - Equipamentos usados pelos britânicos foram doados ao Centro de Treinamento




Um dos principais nomes da Escola de Educação Física da UFMG, responsável pela revelação de atletas olímpicos como Cláudia Carceroni (primeira brasileira a disputar o ciclismo de estrada nos Jogos, em Barcelona-1992), o professor Leszek Szmuchrowski afirma que a presença dos britânicos no CTE provocou um impacto que só poderá ser medido com o passar do tempo.

Coordenador de atletismo do Centro e responsável pelas seletivas para jovens talentos, o polonês acredita que as portas abertas na colaboração com a delegação da terra de sua majestade devem ser muito bem aproveitadas.

“É tempo para pensar em alguns elementos de colaboração futura. Os britânicos foram muito bem recebidos aqui, inclusive reconheceram isso, e tudo indica que eles terão interesse de continuar colaborando conosco. Quando isso acontecer precisaremos aproveitar ao máximo”, afirma.

Para Leszek, o período relativamente curto de presença do time da Grã-Bretanha em Belo Horizonte proporcionou uma oportunidade única de testemunhar métodos e características de preparação que são referência mundial.

“Uma das coisas que com certeza aproveitamos é o fato de termos aprendido a necessidade de organização, de disciplina, de processos de preparação, planejamento de longo prazo, qualidade dos detalhes e até a limpeza. Agora cabe a nós aproveitar as outras coisas, possíveis intercâmbios e quem sabe, na época do inverno europeu, eles decidam treinar em BH e não na África do Sul como normalmente fazem”.
 Valéria Marques

     AJUDA - Espaço de convivência do CTE foi montado pelo time britânico em sua passagem




E um dos aspectos que chamaram a atenção na participação britânica, especialmente no atletismo e na natação, foi a força coletiva.

Na piscina do Parque Aquático, o 4x100 medley e o 4x200m livre masculinos garantiram a prata – duas das seis medalhas na modalidade. Já na pista do Estádio Olímpico, os revezamentos 4x100m e 4x400m femininos levaram o bronze, somando-se aos dois ouros de Mo Farah, à prata da heptatleta Jessica Ennis e aos bronzes de Sophie Hitchon (matelo) e Greg Rutherford (salto em distância). 


(com Rodrigo Gini).

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