Vinte anos de saudade: a saga celeste do bi da Libertadores

Alexandre Simões, Guilherme Guimarães e Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/08/2017 às 19:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:02
 (Carlos Roberto/Hoje em Dia - 13/8/1997)

(Carlos Roberto/Hoje em Dia - 13/8/1997)

Não que o torcedor celeste tenha tanto a reclamar em termos de títulos considerando a atual década – o bicampeonato brasileiro de 2013/2014 ainda está forte na lembrança, mas, na década de 1990 do século passado, a Raposa mostrava suas garras no cenário internacional. E o momento mais marcante daquele período completa, domingo, exatas duas décadas. Um improvável, de início, mas merecido bicampeonato da Copa Libertadores, conquistado no Mineirão com a vitória por 1 a 0 sobre o Sporting Cristal, do Peru. E imortalizado no gol consagrador do meia atacante Elivélton, aos 30 minutos da segunda etapa. Lance que, quem acompanhou à época dificilmente terá se esquecido: Nonato cobra escanteio da esquerda, a bola é rebatida pela zaga peruana e, próximo à meia-lua, o mineiro de Serrania chuta de perna direita, contando com a providencial ajuda do goleiro Balerio.

Nem parecia a equipe que havia começado o ano sob o comando do ex-zagueiro Oscar Bernardi e perdeu suas três primeiras partidas: 2 a 1 para o Grêmio, no Gigante da Pampulha; 1 a 0 para o Alianza e para o Sporting Cristal, ambas em Lima (brasileiros e peruanos compunham o Grupo 4) – a partir da segunda, Paulo Autuori já estava à frente do grupo celeste. E que quase deu adeus ao sonho já no jogo de volta com o tricolor gaúcho, no Olímpico. Qualquer resultado que não fosse a vitória praticamente sepultava o sonho, diante de um adversário que contava com Arce, Rivarola, Roger, Mauro Galvão e Paulo Nunes.

Mas o Cruzeiro tinha Palhinha e, graças ao gol salvador, ganhou fôlego para receber os peruanos e carimbar o passaporte para as oitavas. De forma sofrida, é verdade. O Alianza cairia por 2 a 0; e o Cristal por 2 a 1, diante de pouco mais de 8.500 torcedores, o que dá uma ideia do grau de confiança da China Azul à altura.

O adversário no primeiro mata-mata era o El Nacional, do Equador, que impôs a quarta derrota celeste na campanha: 1 a 0 na altitude de Quito. Na volta, até os 17 minutos do segundo tempo a vaga era dos visitantes, mas dois gols de Marcelo Ramos (que estreava nesta fase) em apenas sete minutos inverteram a situação. E como não haveria de ser fácil, Arroyo, nos descontos, diminuiu de falta, levando à definição nos pênaltis (na época o gol fora de casa não era qualificado). Começava a brilhar então a estrela do goleiro Dida, que já havia sido vice brasileiro três anos antes, pelo Vitória, mas se tornaria a partir dali o jogador de Seleção que brilharia também no Corinthians e no Milan.

Nas quartas, o Grêmio voltou a atravessar o caminho celeste. Um gol-relâmpago de Elivélton (sempre ele...) e outro do então novato Alex Mineiro garantiram a vitória em casa, para mais sofrimento em Porto Alegre. Fabinho abriu o placar no Olímpico, mas o tricolor virou e transformou os últimos 18 minutos em sufoco. Num ano em que favoritos como o River Plate ficaram pelo caminho, o primeiro adversário estrangeiro de camisa mais pesada seria o último obstáculo a caminho da decisão: o Colo-Colo, rival conhecido dos tempos de Supercopa. Mais um gol de Marcelo Ramos garantiu a vitória no Mineirão. A volta, em Santiago, se transformou em batalha: os chilenos contaram com três gols de Basay e, com os celestes, de Marcelo Ramos e Cleison, novamente os pênaltis apontariam o classificado. Dida pegou os dois primeiros do time da casa e confirmou a sonhada classificação.

De forma surpreendente, o Cristal avançaria para ser o último adversário. Em Lima, o empate sem gols deixava tudo em aberto para aquele inesquecível 13 de agosto. Agora eram mais de 95 mil pessoas empurrando – uma multidão que trocou a apreensão pela alegria naquele chute de Elivélton.

Herói

“Sou um dos mais lembrados mas, do Dida aos reservas que não puderam entrar, todos foram fundamentais para a conquista”. Palavras do grande herói daquele 13 de agosto de 1997, para quem o tempo parece não ter passado. Elivélton consegue lembrar de cada momento de uma campanha com desfecho muito melhor do que o imaginado. E pretende celebrar a data de forma dupla, já que o aniversário da conquista coincide com o dia dos pais.

“Toda vez que vejo as imagens do jogo me arrepio, fico emocionado. O torcedor vibrando, o Mineirão balançando, parece que foi ontem, que não se passaram 20 anos, é algo que está vivo de tão marcante que foi. Certamente foi o gol mais importante da minha carreira por tudo o que passamos. Começamos mal, perdemos os primeiros jogos, mas vimos que o grupo estava fechado e queria fazer história. Só posso agradecer ao clube e à torcida”, destaca o então camisa 20.

  

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