Se o chute do atacante Taremi passasse raspando pelo lado certo da trave nos acréscimos daquele empate em 1 a 1, o Irã teria despachado Portugal e tomado da favorita Espanha a liderança do Grupo B. Além de garantir a festa dos 73 milhões de habitantes do país, o resultado histórico encheria os bolsos dos cerca de 2% de corajosos torcedores que depositaram fichas na zebra asiática em sites especializados.

Marcada por algumas grandes surpresas, a Copa do Mundo de 2018 certamente já colaborou e muito para lucros, prejuízos e boas “resenhas” entre apostadores e adeptos do tradicional bolão. E a expectativa por resultados e prêmios cresce ainda mais a partir desta sexta-feira (6), pois a competição chega às quartas de final com a possibilidade de um ou dois finalistas inéditos e, portanto, até mesmo de um novo campeão.

A eliminação dos iranianos deixou apenas na imaginação o retorno de 3.300% (R$ 34 a cada R$ 1 aplicado). Este, no entanto, é também o percentual de ganho previsto para apostas feitas antes do Mundial num possível título do Uruguai ou da Croácia, ambos ainda vivos no torneio. Quem arriscou na anfitriã Rússia ou na Suécia poderá ostentar ainda mais, pois receberia R$ 41 e R$ 51, respectivamente, por unidade investida.

Com a queda de gigantes como Alemanha, Argentina e Espanha e o avanço dos “azarões”, a valorização nas bolsas despencou nesta semana, mas ainda parece bastante tentadora na comparação com o pentacampeão Brasil (veja a tabela abaixo).

Os números dos sites especializados dão uma boa dimensão do quanto as previsões eram diferentes antes da abertura da Copa. É bem verdade que, na primeira fase, apenas Croácia e Suécia "quebraram a banca" ao terminarem no topo dos Grupos D e F, respectivamente. Chama atenção, porém, o fato de três das cinco seleções favoritas entre os usuários já terem dado adeus precocemente à disputa pelo cobiçado troféu. 

Foi assim também no bolão “Família Broas”, organizado pelo irmãos Daniel, Gabriel e Lucas Morais, de Belo Horizonte. Para a grande maioria dos 67 participantes do grupo, Brasil, Alemanha, França e Espanha chegariam à penúltima fase.

“Todo mundo colocou a Alemanha pelo menos nas quartas. Brasil e França também, praticamente todos puseram na semifinal. E ninguém acreditou na Suécia. Mas, como são palpites em comum, não fazem muita diferença na pontuação. O negócio é conseguir cravar a zebra que vai mais longe”, afirma Lucas.

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Outros citados dentre os classificados às semifinais, Argentina e Portugal também já saíram da briga. “O maior diferencial está sendo a Croácia. As 11 pessoas que apostaram nela ganharam bastante ponto. E só duas tiveram coragem de colocar, teoricamente, a Espanha caindo agora, porque esse seria o confronto mais lógico. Ou seja, elas podem se dar bem, porque há grandes chances de a Croácia vencer a Rússia”, completa o engenheiro de 29 anos.

As previsões foram todas entregues antes do Mundial. Neste ano, a inscrição no bolão custou R$ 50, e a recompensa pode chegar a R$ 1.675, com prêmios para os líderes da fase de grupos e do mata-mata e até o quinto colocado geral.

Após a classificação sem sustos nas oitavas de final, o Brasil contou com as quedas de Alemanha, Espanha e Argentina para se isolar como o preferido dos palpiteiros da internet. A Seleção aparece como aposta mais frequente para a taça, com retorno de R$ 3,75 a cada R$ 1 gasto.

Para os confrontos das quartas de final, porém, a Inglaterra surge como favorita nas bolsas, com uma diferença de R$ 1,83 para R$ 4,85 em relação à Suécia. França e Croácia completam a lista de principais escolhas para os duelos.

Como vem mostrando a Copa, contudo, os palpites mais óbvios são traiçoeiros. É essa, inclusive, a justificativa de Paulo Melo, 35, para figurar na lanterna no bolão dos irmãos Morais.

“Aconteceu exatamente isso. Eu fui conservador, e deu muita zebra. Eliminação da Argentina nas oitavas e goleada da Rússia (5 a 0 sobre o Egito), por exemplo. Apostei nas seleções que eram favoritas, e coloquei Alemanha e Espanha até a semifinal. O meu chute mais ousado foi Portugal terminando à frente da Espanha e chegando à semifinal. E acertei poucos placares em cheio também. O que eu arrisquei, errei”, conta o participante do grupo. "Sugeri um prêmio para o desempenho mais estável, porque fui o mais regular (nas últimas posições)”, brinca Paulo.

Na outra ponta do ranking, o líder Gabriel Barros, 33, reconhece o peso da sorte no bom desempenho. "É o que acaba decidindo, não tem como tirar esse fator. Eu coloquei a Alemanha na final, estou atrás nisso. E o meu amigo que está em terceiro pôs a Inglaterra, então vou torcer muito contra ele", diz. 

A tradição se reflete também nas apostas para o futuro detentor do troféu. No bolão “Família Broas”, ninguém acreditou no possível título de Bélgica, Rússia, Croácia ou Suécia. Nos sites especializados, a proporção é de apenas um terço de palpites na expectativa por um campeão inédito.

Quanto às principais previsões para a artilharia antes da Copa, o argentino Lionel Messi, o português Cristiano Ronaldo e o alemão Timo Werner já fizeram as malas. Goleador do torneio até o momento, o inglês Harry Kane era apenas o sexto preferido dos apostadores.

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