Fazenda que cria beagle recebe ameaça em São Roque

José Maria Tomazela
22/10/2013 às 19:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:33

Donos e funcionários da Fazenda Angolana, que tem uma criação de beagles há mais de dez anos em São Roque, estão vivendo dias de pavor. Alegando que a fazenda fornece os cães para o Instituto Royal, invadido na madrugada de sexta-feira (18) por ativistas sob a alegação de maus tratos aos animais, grupos ameaçam invadir também a propriedade rural. Os donos registraram três boletins de ocorrência na Polícia Civil e contrataram seguranças. "Aqui moram nossas famílias, tem crianças, e eles estão falando em invadir", disse a proprietária Monica Parachin.

As ameaças foram feitas pela internet e por telefone. Três grupos de ativistas estiveram na fazenda e quiseram ver os animais. Monica explicou que a criação era pequena, com cerca de trinta animais, e voltada para pessoas que gostam de cães. "Eles quiseram ver os cães e usar detectores de chip para confirmar se eram criados para o instituto e nós permitimos. Não temos nada a esconder, mas as ameaças continuam. Estão difamando nosso trabalho, querem forçar uma relação com o instituto que não existe." A fazenda é voltada ao turismo rural há trinta anos e recebe visitas de escolas.

Ativistas que levaram cães do Instituto Royal escondem os animais para evitar que sejam apreendidos e usados como prova do furto, segundo a Polícia Civil. Com a invasão da sede do instituto, foram levados 178 cães, supostamente submetidos a maus tratos - dois foram recuperados. Investigadores do município estiveram na casa de pessoas vistas com os cães em imagens feitas durante a invasão, mas não encontraram os animais. O delegado Marcelo Pontes acredita que os beagles foram repassados a outras pessoas para evitar a apreensão. Se for confirmada, a estratégia pode ser interpretada como obstrução à investigação e resultar até em pedido de prisão.

Até esta terça-feira (23) tinham sido expedidas intimações para mais de vinte pessoas que serão ouvidas nos inquéritos que apuram a invasão e, também, as denúncias de maus tratos. A promotoria de São Roque do Ministério Público Estadual vai acompanhar as investigações da polícia. Grupos de defesa dos animais continuam mobilizados nas redes sociais contra o uso de cães como cobaias. Uma petição pública pedindo o fechamento do instituto e a proibição de testes com os animais obteve mais de 400 mil assinaturas.
http://www.estadao.com.br

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