Pague mais, leve menos

Embalagens menores disfarçam aumento de preços e pesam para o consumidor

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 06/06/2022 às 07:44.
 (EBC/Divulgação)

(EBC/Divulgação)

A inflação oficial do país não reflete o verdadeiro sufoco que os brasileiros passam para colocar comida na mesa. Indicador utilizado pelo governo, o IPCA registra alta de 12,13% em 12 meses e turbina o preço de vários itens nas gôndolas, mas o arrocho no orçamento é agravado também pela chamada “reduflação”, uma estratégia das empresas que consiste em diminuir a quantidade do produto por embalagem sem diminuir o preço nas etiquetas. 

“Às vezes o consumidor aumenta o consumo e o gasto com produtos de supermercado e nem consegue perceber qual a razão”, diz a economista Mafalda Valente, professora das Faculdades Promove. “Não é uma prática ilegal das empresas, desde que elas cumpram as determinações legais, mas serve para confundir o consumidor”, afirma.

Para se ter uma ideia do impacto da “reduflação” na vida real, o IPCA-15, medido pelo IBGE e divulgado em maio, mostrou que o iogurte subiu 2,11%. Porém, uma das marcas líderes de mercado no país diminuiu em 7,4% o volume do produtos por embalagem. Na prática, significa que o consumidor está pagando mais caro ainda por uma quantidade menor.

“O gasto aumenta e a pessoa nem consegue saber qual a razão”, Mafalda Valente - Professora e economista

Situação semelhante acontece com o achocolatado, que teve alta de 4,49% medida pelo IPCA e uma redução de 6,25% em quantidade na embalagem. No caso dos biscoitos, variação inflacionária de 2,84% e de até 33% no tamanho das embalagens. 

Estratégia

“Às vezes, como nos casos de refrigerantes, a empresa lança uma nova embalagem com quantidade menor e não retira de circulação a embalagem maior. Mas vende a embalagem com menos produto por um preço proporcionalmente maior”, reforça a economista Mafalda Valente.

A professora das Faculdades Promove diz que, para não ser surpreendido, o consumidor deve ficar atento na hora das compras e comparar o preço nas gôndolas do supermercado. 
“Marcas de um mesmo produto podem vir com quantidades diferentes, mas é impossível para o consumidor ficar fazendo conta na hora da compra. Neste caso, a pessoa pode utilizar a etiqueta nas prateleiras dos supermercados, que são obrigados a mostrar o preço por unidade de medida. Por exemplo: na etiqueta é preciso indicar quanto custa o preço do quilo de um determinado produto. Assim fica mais fácil para o consumidor comparar e saber o preço real”, explica a especialista. 

Se o consumidor tiver dúvidas ou identificar algum abuso, a Secretaria Nacional dos Consumidores (Senacon) indica que deve ser registrada uma reclamação na página oficial do órgão.

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