Infecção viral

Fiocruz pede uso de Monkeypox para falar da varíola dos macacos e evitar preconceito contra primatas

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
12/07/2022 às 16:59.
Atualizado em 12/07/2022 às 17:03

Em menos de dois meses, a doença infecciosa causada pelo vírus Monkeypox se espalhou por mais de 50 países, provocando cerca de sete mil infecções, de acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA).

No Brasil, em quase um mês após a identificação do primeiro caso, em 8 de junho, o total de pessoas infectadas chegou a, pelo menos, 223, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde desta segunda-feira (11).

Da mesma família dos vírus responsáveis pelas varíolas humana e bovina, o Monkeypox foi descoberto em 1958, quando pesquisadores investigavam um surto infeccioso em primatas oriundos da África que estavam sendo estudados na Dinamarca. No entanto, pouco tempo depois, os cientistas verificaram que os macacos não eram reservatórios do vírus e que também eram afetados pelo patógeno, assim como outros mamíferos. Ainda hoje não se sabe com exatidão as espécies que agem como reservatório do Monkeypox, nem como sua circulação é mantida na natureza.

Dessa forma, para evitar que haja estigma e preconceito contra os indivíduos infectados e maus tratos contra os animais, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pedem que a denominação da doença no Brasil seja feita exclusivamente pelo nome “Monkeypox”, do vírus, uma vez que o surto atual não tem relação com primatas. Por aqui, o Ministério da Saúde, em consonância com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), tem adotado somente o termo em questão.

“O nome Monkeypox também é utilizado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Todo esse movimento tem o intuito de se evitar desvio dos focos de vigilância e má ações contra os animais”, explicou a vice-diretora de Serviços de Referência, Coleções Biológicas e Ambulatórios do IOC, da Fiocruz, Maria de Lourdes Oliveira.

A Fiocruz lembra que o mesmo aconteceu com a Covid-19 e a Influenza A H1N1. Para evitar preconceitos e estigmas, a OMS reclassificou os nomes dessas doenças. Na infecção causada pelo coronavírus, a ideia foi não atrelar a doença ao país de origem dos casos. No segundo exemplo, o consenso foi para dissociar o nome da gripe ao dos porcos, que não estavam diretamente relacionados ao contágio naquele momento.

(*) Com Agência Fiocruz.

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