em-estar psicológico

Pesquisa revela que 40% dos jovens que buscam emprego estão emocionalmente abalados

Agência Brasil
Publicado em 10/12/2022 às 15:36.

Quatro em cada 10 jovens que buscam trabalho avaliam o próprio estado emocional como ruim ou péssimo, aponta relatório sobre Trabalho e Renda que divulgado neste sábado (10) durante a IV Conferência Movimento Mapa Educação, realizada em São Paulo. O relatório contou com a participação de 14.510 jovens brasileiros de 15 a 29 anos e integra a pesquisa "Juventudes e a Pandemia: E Agora?", que é coordenada pelo Atlas das Juventudes.

A pesquisa, que foi realizada de forma online entre 18 de julho e 21 de agosto de 2022, mostra que o bem-estar psicológico está estreitamente relacionado às perspectivas de trabalho entre os jovens. Isso significa que os jovens que estão procurando trabalho são os que relataram estar mais fragilizados nesse aspecto. Entre os que trabalham, os que avaliam o estado emocional como ruim ou péssimo é menor, atingindo 21% dos entrevistados. Já entre os que não trabalham nem estão procurando emprego, 27% disseram estar acometidos por esse sentimento.

"O estudo mostra que os jovens em busca de inserção no mundo do trabalho estão mais pessimistas sobre as percepções de futuro para suas vidas e têm taxa maior na avaliação do próprio estado emocional como ruim ou péssimo. Isso sinaliza que a saúde mental precisa ser vista como prioridade e que é necessário ampliar as oportunidades de educação e trabalho para essa população, para que melhorem as condições de suas vidas e, também, tenham perspectivas mais prósperas para seu futuro”, disse Diogo Jamra, gerente de Advocacy e Articulação do Itaú Educação e Trabalho, um dos responsáveis pelo estudo.

Os jovens que estão procurando trabalho também são os que possuem mais medo de passar por dificuldade financeira (45%) ou de não conseguir um trabalho (26%). Já entre os que trabalham, 34% dizem temer passar por dificuldade financeira e 18% temem perder o emprego ou não conseguir um novo trabalho.

Além de serem menos afetados por questões de saúde mental, os jovens trabalhadores também são mais otimistas em relação ao futuro. Cerca de 44% deles dizem que as expectativas são positivas, enquanto essa condição cai para 34% entre os jovens que procuram trabalho. Os mais otimistas são os jovens que não trabalham nem procuram emprego: 48% dizem ter uma boa perspectiva de futuro.

Pandemia
A pandemia do novo coronavírus afetou a forma como o jovem encara o mundo da educação e do trabalho. Segundo a pesquisa, todos os perfis de entrevistados (que trabalham, buscam trabalho ou não trabalham e nem procuram) têm o sentimento de que “ficaram para trás no aprendizado”. Esse sentimento é maior entre os que não trabalham (65%), mas atinge também os que procuram trabalho (59%) e os que estão empregados (54%).

"Os jovens relatam impactos da pandemia em suas vidas na educação e no trabalho. O sentimento de ‘ficar para trás no aprendizado’ é comum entre todos os jovens, mas, ainda que se preocupem com a defasagem provocada pela pandemia, a grande maioria pretende continuar estudando. E, para isso, eles indicam que os conteúdos mais importantes para o momento são de preparação para o mundo do trabalho", disse Jamra, em entrevista à Agência Brasil.

"Mais de seis a cada 10 jovens, independentemente da condição de trabalho, estão muito ou parcialmente otimistas quanto à aproximação da educação e do mundo do trabalho. Além disso, sete a cada 10 jovens que trabalham passaram a buscar mais cursos para qualificação pessoal ou profissional por causa da pandemia. Essa é uma sinalização evidente de que os jovens avaliam a educação como um caminho para auxiliá-los a trilhar sua trajetória profissional”, acrescentou ele.

Reivindicações
Para lidar com os efeitos da pandemia na educação e oferecer melhores condições de vida a esses jovens, a pesquisa revela que será necessário ampliar as condições de acesso à educação profissional e ao trabalho. Durante o estudo, os jovens relataram que precisam de políticas de bolsas de estudos e de auxílios estudantis e de uma maior oferta de cursos de qualificação profissional e de empregos formais.

“A pesquisa traz importantes indicativos que devem ser contemplados pelos governantes eleitos em seus mandatos. Os jovens sinalizam quais são as ações prioritárias que devem ser desenvolvidas pelo poder público e, também, privado. No campo da educação, os jovens pedem por ampliação de oportunidades de educação profissional, políticas de bolsa de estudos, metodologias para trabalhar o desenvolvimento de habilidades em geral e ações que os apoiem a elaborar seus projetos de vida. No campo do trabalho, os jovens pedem, principalmente, por ampliação da oferta de cursos de qualificação profissional, oportunidades para incentivar projetos das juventudes, novas dinâmicas de trabalho e estímulo para surgimento de novos trabalhos e empregos formais”, falou Jamra. “O jovem quer – e precisa – de apoio para dar continuidade aos estudos, bem como ter melhores perspectivas para estar inserido no mundo do trabalho”, disse Diogo Jamra.

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