Portas fechadas na rua Teresa, coração da moda popular em Petrópolis

Agência Brasil
19/02/2022 às 14:24.
Atualizado em 19/02/2022 às 14:32
Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Uma das ruas mais famosas de Petrópolis, a Teresa, que recebe um grande número de visitantes por ser um polo de moda com preços populares, é um misto agora de casas soterradas e lojas invadidas pela lama.

A tradição da atividade têxtil criou no local uma cadeia de confecções que abastece as próprias lojas.

Dono de uma dessas confecções, Carlos Roberto Alves, de 61 anos, ainda não sabe se poderá reabrir a empresa. Ele conta que a enxurrada levou os carros que usava para transportar as roupas até as lojas, e o problema maior é que a encosta desabou bem ao lado do local onde trabalha há 30 anos.

"Estou sem perspectiva, porque essa área está condenada. Eu tenho familiares que moram ali e estão desabrigados. Estou abrigando minha tia e meu primo porque eles não têm para onde ir", conta o empresário.

Engenheiro de formação, ele conta que a rua Teresa "lhe deu sua vida", porque foi nela que encontrou o caminho profissional.

"A rua Teresa está no coração econômico da cidade. Tem o turismo e tem a rua Teresa. Muitas indústrias saíram de Petrópolis e ficaram mais as confecções, micro e pequenas empresas que se mantêm e ajudam a manter a cidade através das vendas", conta Carlos Roberto.

Limpeza
No ponto mais crítico da via onde Carlos trabalha, equipes de salvamento ainda buscam desaparecidos em meio a casas soterradas e muita lama. Já nas áreas em que foi possível ao menos isolar a lama em parte da calçada, comerciantes começam a chegar para avaliar os estragos e limpar a sujeira. É o caso de Marco Cesar da Silva, de 52 anos.

Dono de uma loja no centro comercial, ele conta que já tinha encerrado o expediente e trabalhava com atividades internas quando ouviu muita gritaria na rua. "Foi assustador. Quando olhei pela janela, estava tudo tomado de lama", lembra ele, que perdeu peças que estavam na vitrine quando a lama entrou na galeria. Apesar disso, ele conta aliviado que os danos na loja param por aí.

Mesmo assim, Marco não crê que será possível abrir a loja nas próximas duas semanas. "É um processo lento. Acredito que só para depois, em março, quando limpar tudo. Para voltar à vida, e nem digo normal, vai demorar pelo menos uns 15 dias para pensar em abrir a loja. Ainda tem muito lixo", conta ele, que precisa cruzar uma poça de lama até as canelas para chegar à galeria em que trabalha, onde manequins ainda vestidos com peças em promoção permanecem em meio ao lamaçal.

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