Acidentes envolvendo produtos químicos e inflamáveis crescem 22% em Minas

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
27/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:46
 (PMRv/Divulgação)

(PMRv/Divulgação)

O tombamento de uma carreta carregada com oxigênio na BR-356, em Itabirito, na região Central, ontem, reacende o alerta sobre os acidentes com cargas perigosas.

Levantamento do Corpo de Bombeiros mostra que as ocorrências nas rodovias mineiras envolvendo o transporte de produtos químicos, explosivos ou inflamáveis cresceram 22% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016.

Os motivos para o aumento não são poucos. Começam com o desrespeito às leis de trânsito somado às más condições das estradas, passando pelo estado de conservação dos veículos e o cansaço dos motoristas.

O tenente da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Pedro Henrique Barreiros explica que, na maioria dos casos, os acidentes são fruto de falha humana. “Mesmo tendo licença para dirigir cargas perigosas, muitos motoristas não respeitam o código de trânsito e excedem o limite de velocidade”.

Barreiros destaca, ainda, que o transtorno causado por acidentes com carga perigosa é sempre maior, já que o tempo gasto para a liberação do tráfego aumenta se houver a necessidade de limpeza da via ou for preciso aguardar o resfriamento do produto derramado. Por esses motivos, os engarrafamentos podem ser quilométricos. 

“Se não houver uma liberação correta, pode haver intoxicação posterior. Além disso, são vários órgãos envolvidos, como a Polícia de Meio Ambiente e a empresa concessionária, se for o caso. É algo bem complexo”, afirma o tenente.

Curiosos

Os riscos de intoxicação por contato com produtos químicos derramados na pista também preocupam autoridades. O tenente do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, explica que esse é um dos focos de atenção da corporação no momento do socorro. 

“É comum ver curiosos sendo atraídos para os locais de tombamento. Então é importante alertar as pessoas para evitarem esses lugares”, diz Aihara, que também falou do comportamento dos motoristas. “Infelizmente, a maioria dessas ocorrências são causadas por negligência do condutor”, avalia. 

Qualificação

Transportar materiais com potencial explosivo ou de contaminação exige do motorista um curso de qualificação chamado Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (Mopp). No entanto, especialistas afirmam que nem sempre a medida é cumprida.

O engenheiro de transportes e trânsito Frederico Cabral da Silva afirma que já participou de perícias em muitos acidentes com cargas explosivas onde a ausência do Mopp foi verificada.

“São condutores mal preparados. Mas não é só isso. Há muitas estradas sem sinalização viária e com pavimentação ruim. Para completar, há caminhões circulando em péssimas condições de conservação, com pneus desgastados, por exemplo”, explica. 

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