Acidentes sofridos por crianças em casa são mais comuns no período de férias

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
27/12/2017 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:27
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Um cochilo inesperado ou uma brincadeira inocente no aconchego do lar podem apresentar mais riscos do que o esperado por pais de pequenos. Os acidentes domésticos, mais frequentes durante as férias escolares, já fizeram com que 4.931 crianças de zero a 14 anos fossem internadas em Minas de janeiro a novembro deste ano. Para 67 delas, o incidente foi fatal, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Em BH, dos 11.825 acidentes ocorridos com crianças que recorreram a hospitais públicos, de 2012 a 2016, 1.315 foram em residências, o equivalente a 11,12% do total, conforme a Secretaria Municipal de Saúde da capital (SMSA). 

Entre os menores de 1 ano, 39% acontecem no próprio domicílio. “Durante as férias, as crianças ficam mais tempo em casa e acabam expostas a riscos como queimaduras na cozinha, envenenamento com a ingestão de materiais de limpeza ou choques elétricos”, explica o pediatra referência técnica da Gerência de Vigilância epidemiológica da SMSA, Paulo Roberto Lopes Corrêa.

Frequente

A causa mais frequente que levou crianças à internação no Estado foram as quedas. Na estatística, estão inclusos desde simples tombos até escaladas em lugares inesperados. O segredo para evitá-las é não descuidar.

É o que aprendeu da pior forma a representante comercial Milena Paiva, de 34 anos. Mãe de Gabriel, hoje com um ano, ela passou uma noite no hospital após a queda do bebê, na época com cinco meses. “Eu sempre encostava na cama com ele em pé no colo após a amamentação e acabava cedendo ao sono. Um dia cochilei e acordei com o barulho do tombo e o choro”, conta. 

“Chegam casos de bebês que caem de trocadores porque o cuidador olhou para o lado ou abaixou para pegar algo. Não dá para fechar os olhos”, afirma o pediatra do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), José Gabel. 

Letal

Apesar de as quedas liderarem as internações, os afogamentos foram mais letais neste ano em Minas. Até o início de novembro, 35 crianças morreram afogadas em piscinas, banheiras e vasos sanitários.

Ciente disso, todas as vezes que vai até a casa da mãe, onde há uma piscina, com os dois filhos, a corretora de imóveis Andreza Oliveira, de 35 anos, não descuida nem por um segundo da prole. “A área da piscina fica sempre trancada. Nem a Maria Eduarda de nove anos vai até lá sozinha. Perto das escadas colocamos portões para evitar a passagem”, conta. 

Em casa, Andreza toma outros cuidados. Ela não deixa os brinquedos da filha mais velha espalhados pela casa, por exemplo, por causa dos riscos de o pequeno João, de seis meses, engolir alguma peça pequena. Nos poucos minutos que os dois filhos ficam sozinhos em algum cômodo da casa, a mãe os supervisiona por câmeras. “Sempre estou com a babá eletrônica ligada”, afirma. 

Animais e plantas também causam danos às crianças

O contato com insetos e animais venenosos também tem levado muitas crianças para o hospital em Minas Gerais. Mais de 1.500, com idades de zero a 14 anos, foram internadas no Estado, entre 2009 e 2016, segundo dados da ONG Criança Segura. 

Os animais que mais feriram os pequenos foram os escorpiões, com 1.015 casos registrados no período. Outras 673 crianças foram pegos por serpentes e lagartos. Já as picadas e o contato com insetos como aranhas, centopeias venenosas, abelhas e vespas, fizeram com que 151 crianças recorressem aos hospitais no Estado. 

Também entram na estatística as mordeduras ou golpes provocados por cães, que deixaram 144 machucadas. Além disso, duas crianças foram vitimadas por mordida de rato no mesmo período.

Segundo o pediatra do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), José Gabel, o tipo de acidente sofrido tem ligação com o ambiente em que a vítima está exposta. Nas casas que possuem muitas plantas, por exemplo, o cuidado tem que ser redobrado.

Segundo dados da ONG, o veneno de algumas delas fizeram 400 crianças ficarem internadas em oito anos.

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