Alto Vera Cruz lidera assassinatos, mas números vêm caindo

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
08/03/2017 às 21:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:40

Com uma população superior a 30 mil habitantes e 68 assassinatos de 2012 a novembro de 2016, o Alto Vera Cruz, na região Leste de Belo Horizonte, é o bairro que acumula o maior número de homicídios na cidade nos últimos cinco anos. No mapa da criminalidade da capital, o bairro está entre os quatro que registraram ao menos dez assassinatos no ano passado, junto ao Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, o Centro e o Jardim Felicidade, na zona Norte. As informações são da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas (SESP).

O número de assassinatos, no entanto, vem apresentando queda nos últimos anos, tanto no Alto Vera Cruz como em praticamente toda a cidade (veja infográfico). 
O bairro parece uma cidade do interior. Com ruas estreitas e algumas pirambeiras, é bem assistido pelo comércio, com lojas de roupas, depósitos de material de construção, supermercados, farmácias e restaurantes. Mas a disputa de território por traficantes de drogas tira o sossego dos moradores. O pico no número de assassinatos por lá foi em 2013 e 2014, quando havia uma rixa entre grupos, e 38 pessoas foram assassinadas.

Para o jovem Roberto*, que viveu intensamente aquele momento, a situação mudou por três motivos: “Uns foram presos, uns morreram e outros, como eu, saíram (do crime)”. Em 2014 ele foi detido, por roubo a residências, e ficou dois anos na prisão. Isso, segundo ele, foi determinante para que mudasse de vida. Agora, ele frequenta oficinas do programa Fica Vivo e não quer voltar para o crime.

Segundo Júlio César Alexandre, 39 anos, que trabalha há 13 anos no Alto Vera Cruz com oficinas de grafite, muitos garotos passam pelo programa e abandonam o crime.

Matando menos
O especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori, avalia que diminuição no número de homicídios em Belo Horizonte não segue um padrão em Minas Gerais ou mesmo em outras capitais do país. “É uma queda que não está acontecendo em outras cidades. A atuação da polícia continua como nos últimos seis anos. A minha hipótese é que o tráfico está matando menos”, afirma.

Segundo Sapori, na capital mineira 60% nos homicídios estão relacionados ao tráfico de drogas, e o restante acontece por motivos diversos.

O comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar informou que vem realizando operações de batida policial, presença e incursões nos aglomerados nos locais de maior incidência criminal e de ocorrências de homicídios. “Intensificamos também o trabalho da inteligência policial e passamos a conferir com maior atenção as denúncias anônimas via 181”, informou.

Além disso, segundo o CPC, o Grupo de Intervenção Estratégica (órgãos de Segurança Pública do Estado e Ministério Público) limitou a liberdade de vários autores em potencial de homicídios.

Para a PM, as principais causas da concentração de assassinatos em determinados bairros está ligada à “desestrutura ambiental do bairro, às características das pessoas que ali moram, bem como a organização do crime local”.

(*)Nome fictício Editoria de Arte / N/A

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