Alunos são internados com suspeita de febre maculosa após excursão à Serra do Cipó

Cinthya Oliveira e Gledson Leão
portal@hojeemdia.com.br
13/06/2018 às 12:38.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:34
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Pelo menos dois adolescentes foram internados com suspeita de febre maculosa em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, depois de terem sido picados por carrapatos durante um passeio com a turma da escola pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, na região Central do Estado.

Segundo a Secretaria de Estado de Educação (SEE), os estudantes já foram medicados e tiveram alta. O resultado dos exames de sangue dos jovens para confirmar ou descartar a doença deve sair até o fim desta semana. Causada por uma bactéria e transmitida pelo carrapato-estrela, a febre maculosa é uma doença que pode levar à morte. O tratamento se dá por meio de antibiótico e, quanto antes o medicamento for usado, maiores são as chances de recuperação do paciente.

Na quinta-feira (7), um grupo de cerca de 40 estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Cecília Meireles, no bairro Laranjeiras, em Betim, visitou o parque para um projeto de geografia. Os alunos andaram cerca de duas horas para chegar ao local de estudo e retornaram no fim da tarde. Ao chegarem ao ônibus, vários alunos perceberam que haviam sido picados por carrapatos.

No dia seguinte, alguns adolescentes relataram vômito, dor de cabeça, febre e manchas pelo corpo, sintomas que podem ser relacionados à febre maculosa. Houve quem sentiu os sintomas durante o fim de semana.

Na segunda-feira (11), um bilhete foi entregue aos alunos, endereçado a pais e responsáveis, solicitando que fossem feitos exames de sangue nos jovens que participaram da visita ao parque, pois dois casos de febre maculosa já teriam sido confirmados laboratorialmente no Estado. Confira:Arquivo pessoal 

Bilhete entregue aos alunos na segunda (11)

Secretarias de Estado de Saúde e Educação garantem que não houve registro de febre maculosa na região da Serra do Cipó, informação reiterada pela prefeitura de Santana do Riacho, município onde está o Parque Nacional. Em 2018, sete casos da doença foram registrados no Estado, nas cidades de Caratinga, no Vale do Aço, Bicas e Tombos, na Zona da Mata, São Gotardo, no Alto Paranaíba, Paraisópolis, no Sul de Minas, e Itabira e São Domingos do Prata, na região Central. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, foram registrados 34 casos de febre maculosa em Minas em 2017, sendo que 18 deles evoluíram para a morte.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor do parque, informa que os visitantes assinam um Termo de Riscos e Normas alertando que eles estão em uma unidade de conservação, um ambiente natural, sujeitos a algumas adversidades. O ICMBio confirmou que não há registro da doença no parque.

Preocupação

De acordo com Hilton Alves, pai de uma aluna de 17 anos que passou mal após as picadas, o bilhete provocou pânico entre alunos e responsáveis. “Os alunos foram dispensados mais cedo e um grupo andou cerca de dois quilômetros até a UPA Teresópolis. Os adolescentes ficaram lá por muito tempo, mas não foram atendidos”, relata. “Tem gente que está buscando fazer esse exame em laboratório particular”, completa.

A Secretaria de Saúde de Betim informa que os estudantes foram até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Teresópolis e foram orientados pela equipe de plantão a procurarem a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para receberem atendimento médico. De acordo com a orientação do Ministério da Saúde, nas UPAs são realizados atendimentos mediante à classificação de risco, onde os casos de urgência e emergência têm prioridade. Casos de picadas de carrapatos devem ser atendidos na UBS.

Segundo a SEE, a diretoria da escola também entrou em contato com todos os responsáveis dos alunos que participaram da atividade para saber a situação de cada um e para orientar sobre a necessidade de procurar um posto médico, caso o aluno apresente algum sintoma, como medida preventiva.

De acordo com a SEE, já foram realizadas atividades de campo como essa em outros locais com outras turmas da escola e que o coordenador do projeto realizou o procedimento padrão de contato prévio e orientações para visita com a coordenação do Parque Nacional da Serra do Cipó.

Prevenção

Nesta quarta (13), a Secretaria de Saúde publicou um texto sobre a importância de se prevenir contra a febre maculosa no período mais seco do ano. No alerta, a coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Mariana Gontijo de Brito, explica que a doença tem sido registrada não somente em áreas rurais, como também em regiões urbanas. “Em Minas Gerais, a principal espécie de carrapato envolvida na transmissão da febre maculosa brasileira é o Amblyomma scultum. Eles podem ser encontrados em equídeos, roedores, capivaras, marsupiais, cães e outros animais”, diz.

Ela alerta ainda que a população de carrapatos aumenta em determinada área, em razão da disponibilidade dos animais hospedeiros e de condições ambientais favoráveis, como presença de pastos “sujos” e vegetação favorável ao crescimento e reprodução do carrapato. Diante de contato com áreas favoráveis à presença dos artrópodes, a recomendação é que inspeções no corpo sejam realizadas em intervalos curtos de tempo, pois quanto antes os carrapatos forem identificados e retirados do corpo, menor a chance de transmissão da doença.

Caso a identificação e retirada do carrapato não seja possível, é preciso estar atento aos primeiros sintomas da febre maculosa, pelo fato de a doença ter uma alta letalidade. Ela se manifesta de forma aguda por meio de sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares, mal estar, náuseas e vômitos. Pode ocorrer uma erupção cutânea, frequentemente com pele escurecida ou incrustada no local da picada do carrapato.Claudia Daniel/Secretaria de Saúde 

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