Anel Rodoviário, duas caras de uma mesma moeda

Renata Galdino - Hoje em Dia
04/03/2015 às 07:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:13
 (Hoje em Dia)

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Palco de inúmeras tragédias, o estado do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que tem parte sob a responsabilidade da iniciativa privada, divide opiniões. Por um lado, usuários que trafegam diariamente pela rodovia entre os trechos privatizado e o que ainda está sob a tutela do poder público afirmam já sentir melhorias em pavimentação e sinalização. Por outro, especialistas alertam que as mudanças ainda não foram significativas na parte gerida pela empresa particular.

Ao percorrer os 27 quilômetros da rodovia, nos dois sentidos, a reportagem do Hoje em Dia encontrou na porção sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) – que vai do bairro Califórnia (região Noroeste) até a saída para Vitória – pista desnivelada em vários trechos, placas pichadas e cobertas pelo mato alto, dificultando a visibilidade dos motoristas.

“O Anel é perigoso, o fluxo de carretas é intenso. Não se pode perder tempo procurando sinalização tampada pelo matagal. Porém, onde não foi privatizado, isso é bem comum”, observa o empresário Hiago Xisto, de 21 anos, que percorre a rodovia diariamente do bairro Camargos, em BH, até Contagem, na região metropolitana.

Para ele, a situação é bem diferente no trecho que está nas mãos da concessionária Via 040. “O recapeamento que fizeram na pista é algo para se destacar positivamente”, comentou.

Na avaliação do técnico têxtil Célio de Castro, de 61 anos, após a privatização, não há mais buracos na pista e engarrafamentos. Um ponto destacado por ele é a agilidade quando ocorre um acidente. “A empresa abre a pista para o tráfego com válvula de escape. Se é na parte do poder público, ficamos presos por muito tempo, sem opção para desvio”.

Professor de engenharia de transporte e trânsito da Universidade Fumec, Márcio Aguiar diz que, além das melhorias feitas pela concessionária no trecho privatizado, em pavimentação e sinalização, são necessárias obras. “O que foi feito até agora ainda não traz benefícios claros”, afirma.

Alargamento de viadutos, para acabar com o estrangulamento e gargalos no trânsito, é uma intervenção urgente. “O da avenida Amazonas, por exemplo, é estreito. Isso é algo precisa ser feito para melhorar para o usuário”.

REVITALIZAÇÃO

A polêmica da reforma da via ainda não tem data para acabar. No mês passado, pela terceira vez desde 2014, o Dnit devolveu ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) o projeto executivo das intervenções. O órgão federal encontrou inade-quações no documento.

Por meio de nota, o DER-MG informou que “os governos Estadual e Federal estão discutindo qual o melhor encaminhamento a ser dado para as obras do Anel Rodoviário”. Sobre a manutenção do Anel, o Dnit informou que a sinalização avariada está sendo substituída nesta semana. O mato também está sendo roçado.

Trânsito de caminhões já danifica pista da direita em trecho recapeado recentemente

Mesmo após ser revitalizada, parte do Anel Rodoviário sob a responsabilidade da iniciativa privada já apresenta trechos com desnível na pista por causa do trânsito de caminhões e carretas. A faixa com problemas é a da direita entre os bairros Bonsucesso (Barreiro) e Olhos d’Água, no sentido Rio de Janeiro.

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, cerca de 50% dos 174 mil veículos que passam diariamente pelo Anel são de transporte de cargas. No entanto, conforme a Via 040, que administra a parte sob concessão, as características da rodovia não permitem a instalação de balanças para fazer a pesagem da quantidade transportada, para flagrar abusos.

A forma de coibir esses casos, na opinião do coordenador do curso de engenharia de transporte do Cefet, Guilherme Leiva, é instalar os equipamentos em locais estratégicos e que dão acesso ao Anel Rodoviário. “A fiscalização pontual não tem efeito, ela deve ser frequente em pontos estratégicos, o que vai impedir veículos com excesso de carga de trafegar pelas estradas”, destaca.

No entanto, as 75 balanças estaduais estão desligadas devido ao fim do contrato com a empresa responsável pela operação dos equipamentos. Por meio da assessoria, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informou que o processo de licitação para a contratação de novo prestador de serviço está em andamento. As propostas das empresas interessadas no certame serão abertas nesta quarta-feira (4).
 

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