Após depoimentos de delegado e investigador, julgamento da "Chacina de Unaí" é retomado

Hoje em Dia
28/08/2013 às 14:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:24

Duas testemunhas foram ouvidas, na manhã desta quarta-feira (28), segundo dia de julgamento dos acusados de matar quatro servidores do Ministério do Trabalho – três fiscais e um motorista – no Noroeste de Minas, caso que ficou conhecido como "Chacina de Unaí".    Um delas, o chefe da Divisão de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, ressaltou que todas as provas indicam que os assassinos tinham a intenção de matar quando chegaram ao local do crime, e não de roubar, como foi argumentado pela defesa. Além do delegado, a Justiça também ouviu João Alves de Miranda, investigador que trabalhou durante o processo em Unaí e que confirmou o depoimento do delegado.   A sessão foi retomada no início desta tarde, após uma hora de intervalo. A expectativa é que nas próximas horas, um dos réus, o cerealista Hugo Alves Pimenta, convocado para ser ouvido no júri, fale sua versão, incriminando, inclusive, o fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como o “Rei do Feijão”.   Em contrapartida, a defesa de Pimenta deve negociar um benefício, em busca de uma delação premiada e da redução de pena – em caso de condenação. O advogado do cerealista, Lúcio Adolfo, reconhece a possibilidade de uma manobra nesse sentido, mas se limita a dizer que seu cliente vai “falar a verdade”.   Pimenta foi arrolado como testemunha de acusação, mas como é um dos réus, será ouvido na condição de informante, já que não tem compromisso com a verdade.      Mandantes também serão julgados   O crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2004, na cidade de Unaí (MG). Rios, Silva e Miranda estão detidos desde julho de 2004. Segundo a Justiça Federal em Minas Gerais, outros quatro réus devem começar a ser julgados no dia 17. Os fazendeiros Norberto Mânica e os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro são acusados de homicídio qualificado. Eles teriam participado do crime como mandantes e intermediários.   Norberto também responde pelos crimes de resistência e frustração de direitos trabalhistas. Já Humberto Ribeiro dos Santos é acusado de formação de quadrilha.    A Justiça ainda precisa marcar a data do julgamento do fazendeiro Antério Mânica, irmão de Norberto e acusado de ser um dos mandantes do crime. Apontado como um dos maiores produtores de feijão do País, Antério Mânica foi eleito prefeito de Unaí poucos meses após o crime e reeleito em 2008. O nono réu, Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter contratado os pistoleiros, morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos.    Antes mesmo de serem julgados, os irmãos Mânica esperam penas mais leves, uma vez que a juíza da 9ª Vara Criminal da Justiça Federal de BH, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, decretou a prescrição de dois crimes imputados a eles em razão da demora da Justiça em concluir o processo.    Entenda o caso    Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista foram emboscados em uma estrada de terra, próxima de Unaí, enquanto faziam visitas de rotina a propriedades rurais. O carro do Ministério do Trabalho foi abordado por homens armados que mataram os fiscais à queima-roupa, atados aos cintos de segurança. A fiscalização visitava a região por conta de denúncias contra trabalho escravo.   Nove anos depois, o caso ainda não foi a julgamento pelo Tribunal do Júri, em razão, principalmente, dos recursos interpostos por alguns dos acusados. Em fevereiro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a remessa imediata dos autos à Seção Judiciária de Minas Gerais para julgamento dos réus presos. O processo chegou à 9ª Vara Federal de Belo Horizonte no mês de maio. No entanto, em janeiro deste ano, a juíza declarou-se incompetente para a condução do processo.

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