Após insistência, poder público promete coibir baderna na Praça do Papa

Gabriela Sales - Hoje em Dia
18/02/2016 às 07:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:27
 (Arte HD)

(Arte HD)

Depois da insistente reclamação de moradores, das denúncias feitas pela imprensa e da morte de um casal, os bailes funk promovidos na Praça do Papa, cartão-postal de Belo Horizonte, parecem ter, finalmente, cessado. O poder público promete intensificar o policiamento, inclusive com o monitoramento por câmeras, e a manutenção do espaço em dia.

Até julho, serão instalados três equipamentos do sistema Olho Vivo, mantido pela Polícia Militar. A corporação promete manter rondas no local e realizar operações de trânsito para inibir a poluição sonora.

Na segunda-feira, militares do 22º Batalhão e guardas municipais montaram campana na praça para inibir a “festa”. Foram realizadas blitze, e o efetivo permaneceu durante toda a noite.

O tenente-coronel Olímpio Garcia garante que a criminalidade registrada na região é baixa, mas reconhece que a praça precisa da presença constante da polícia. “Nossa maior dificuldade é que os mesmos criminosos que prendemos voltam a praticar os mesmos delitos”, justifica.

Repercussão

Moradores observam com desconfiança a mobilização e esperam que o prometido seja cumprido. O temor é o retorno do cenário de uso de drogas, pegas e sexo nos carros. “Quem visita a praça está vulnerável a qualquer tipo de violência. Já fui vítima de assalto e presenciei um casal em ato sexual na porta da minha casa. Minha família não frequenta mais a praça”, diz a empresária Marília Torres, de 58 anos.

O período de maior tensão na praça é de quinta-feira a segunda-feira. “A gritaria e o som alto não deixam ninguém dormir”, relata outra moradora, que pediu para não ter o nome divulgado.

Na “segunda sem lei”, marcado em redes sociais, a prova da ausência total do poder público. O som alto, normalmente funk com letras pornográficas, ecoa de equipamentos potentes instalados em carros. O uso de drogas acontece indiscriminadamente.

“Infelizmente, somos limitados a usar a praça. Nossa reivindicação é de atitude firme. O espaço é de toda a população de Belo Horizonte e não apenas dos moradores da região”, desabafa o presidente da associação de moradores Alberto Dávila.

Para agilizar a detenção de infratores, o tenente-coronel Olímpio Garcia defende mais autonomia da PM para elaborar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). “O reconhecimento imediato dos criminosos otimizaria o trabalho da polícia”, afirma. Ainda não há prazo para que a PM seja autorizada a confeccionar TCOs.
 
Degradação contribui para afastar frequentadores
 
A falta de manutenção compromete a paisagem da Praça do Papa. Bancos pichados e quebrados, brinquedos de madeira como depósito de garrafas vazias, piso danificado e mato alto são alguns dos problemas comuns ao local.

“Fiquei constrangido quando levei meu filho de 5 anos para passear na praça e encontrei cachimbos de droga e uma camisinha usada na grama”, relata um morador que pediu para não ter o nome divulgado.

Para os moradores, a falta de manutenção contribui para a degradação. “Esse desmazelo estimula o vandalismo, cada vez mais presente”, avalia o assessor de comunicação da Associação dos Moradores do bairro Mangabeiras, Marcelo Franco.

Outra queixa se refere à atuação de ambulantes. Apenas sete têm licença, mas o número de ilegais é crescente. “Não há fiscalização”, diz Franco.

A partir das 22h, o comércio estimula a baderna na região. “E não é só de alimento, mas de bebida alcoólica e drogas também”, conta uma vizinha da praça.

Sem prazo

Em nota, a Regional Centro-Sul informou ter entrado em contato com outros órgãos da prefeitura para planejar ações diárias e restabelecer a normalidade do local.

Com relação aos brinquedos, a regional informou que está sendo concluído o levantamento para recolocar as peças de madeira faltantes. Quanto aos jardins, esclareceu que a Gerência de Jardins e Áreas Verdes atua em conjunto com a Gerência de Manutenção na identificação e resolução dos problemas.

Para o deputado estadual Fred Costa (PEN), que coordenou uma audiência pública na Assembleia sobre o assunto, a volta da normalidade na Praça do Papa depende do trabalho conjunto do poder público. “Não basta apenas a polícia, mas é preciso empenho da prefeitura”.

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