Artérias obstruídas: Fumo debilita gene protetor de vasos sanguíneos

Da Redação (*)
horizontes@hojeemdia.com.br
08/05/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:25

O tabagismo provoca o enfraquecimento de um gene que protege importantes vasos sanguíneos presentes no corpo, alertam cientistas americanos, que concluíram uma pesquisa recentemente. O problema faz com que os fumantes corram mais riscos de sofrer obstrução arterial.

As descobertas dos pesquisadores, divulgadas na revista científica Circulation, da American Heart Association, apontam para uma explicação genética de como fumar pode levar ao acúmulo da placa que endurece as artérias e causa doenças cardíacas. 

“Este foi um dos primeiros grandes passos rumo à resolução do complexo quebra-cabeça que são as interações genético-ambientais que levam a doenças coronarianas”, destacou o autor principal do estudo, Danish Saleheen, professor-assistente de bioestatística e epidemiologia da Perelman School of Medicine, da Universidade da Pensilvânia.

Amostragem

Os cientistas reuniram dados genéticos de mais de 140 mil pessoas, administrados em mais de duas dezenas de estudos anteriores, com foco particular em regiões do genoma previamente associadas com alto risco de acúmulo de placa nas artérias cardíacas.

“Uma mudança em uma única ‘letra’ do DNA no cromossomo 15, perto do gene que expõe uma enzima (ADAMTS7) produzida nos vasos sanguíneos, foi associada com 12% de redução do risco em não fumantes”, informa a pesquisa americana.

“No entanto, os fumantes com a mesma variação tiveram apenas 5% menos risco de doenças coronarianas, reduzindo em mais da metade o efeito protetor desta variação genética”, indicou a publicação.

Estudos científicos de acompanhamento mostraram que nas células que recobrem as artérias do coração humano, a produção da enzima ADAMTS7 diminuiu significativamente quando as células continham esta variante do DNA de uma única letra.

Mais estudos

Saleheen e os colegas estão planejando maiores estudos para descobrir variantes genéticas que interagem com fatores de estilo de vida, como fumar, para influenciar o risco de doença cardíaca coronária. “Esperamos obter uma melhor compreensão da biologia dessa doença”, afirmou o autor da pesquisa.

Além Disso

Outra experiência mostrou que, quando as células do revestimento das artérias coronárias foram expostas ao extrato líquido da fumaça do cigarro, a produção das células de ADAMTS7 mais que dobrou.

Se os pesquisadores puderem encontrar outras maneiras de inibir esta enzima, poderão ajudar os fumantes e outras pessoas com risco aumentado de doença coronariana, apontou o co-autor do estudo Muredach Reilly, diretor do Irving Institute for Clinical e Translational Research no Columbia University Medical Center.

“Através destes estudos genéticos em larga escala, estamos começando a entender as variações genéticas que conduzem o risco em resposta a certas exposições ambientais ou estilos de vida”, disse Reilly.

O fumo é conhecido por causar cerca de um em cada cinco casos de doença cardíaca coronária, e está ligado a aproximadamente 1,6 milhão de mortes em todo o mundo a cada ano. 

“Nem todos reagem o mesmo às mesmas exposições ou comportamentos. Então, em vez de dizer que existem regras para todos, podemos especificar quais intervenções serão especialmente benéficas para populações ou indivíduos específicos e concentrar nossos recursos de saúde de forma mais eficiente”, acrescentou Muredach Reilly.

(*) Com AFP

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