Assassino do jornalista Rodrigo Neto é condenado a 16 anos de prisão

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
19/06/2015 às 18:58.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:33
 (Leonardo Morais / Hoje em Dia)

(Leonardo Morais / Hoje em Dia)

O falso investigador de polícia Alessandro Neves Augusto, de 34 anos, o “Pitote”, foi condenado nesta sexta-feira (19), a 16 anos de prisão. Destes, 12 anos pela morte do jornalista Rodrigo Neto e quatro anos pela tentativa contra L.H., um amigo que estava com o repórter na noite do crime, em 8 de março de 2013, e por pouco não foi baleado. O Ministério Público (MP) vai recorrer da sentença para aumentá-la e o advogado do réu para diminuí-la.   A viúva de Rodrigo Neto, Lourdes Beatriz de Oliveira, de 35 anos, não gostou do resultado. “Esperava, no mínimo, 30 anos de prisão. Não considero que a justiça tenha sido feita e vou esperar aumento dessa pena”, disse. A audiência para o julgamento de Pitote começou às 9h20 em Ipatinga, no Vale do Aço, e foi presidida pelo juiz Antônio Augusto Calaes. Foram arroladas sete testemunhas, sendo quatro de acusação e três de defesa, mas apenas o delegado que chefiou as investigações na cidade, Emerson Morais, do DHPP, foi ouvido.   Segundo o delegado, o caso foi complexo e teve, inicialmente, várias linhas de investigação, permanecendo a que ligou a morte do repórter policial ao seu trabalho. Ele cobrava a apuração de crimes considerados impunes e denunciava a existência de um grupo de extermínio na cidade, formado por policiais. O delegado revelou que a morte de Rodrigo Neto foi decidida “numa roda de cachaça”, formada por políticos e policiais que reclamavam que o jornalista estava incomodando.   O ex-detetive Lúcio Lírio Leal, já condenado há 12 anos de prisão pela morte do repórter policial e Pitote estavam nessa roda e teriam decidido executar Rodrigo Neto por conta própria, apenas para ficar bem com eles. O fotógrafo Walgney de Carvalho, assassinado 37 dias depois em um pesque-pague em Coronel Fabriciano, morreu porque falava que sabia quem havia matado o repórter. Para o delegado Emerson Morais, a morte do fotógrafo foi uma queima de arquivo. “Pitote era um homicida infiltrado na delegacia de Ipatinga”, disse o delegado. A perícia teria comprovado que o repórter e o fotógrafo foram mortos pela mesma arma. E a polícia que o atirador foi o mesmo, Pitote.   O advogado de Pitote, Rodrigo Márcio do Carmo Silva, assegura que a morte do repórter foi encomendada pelo fotografo Walgney Carvalho, que pilotou a moto na noite do crime. O atirador, por sua vez, seria um homem que ele identificou como sendo Sérgio Vieira da Costa, o “Serginho”. A motivação seriam desavenças entre os dois nas relações de trabalho.   O promotor Francisco Ângelo de Assis, vai analisar a questão por acreditar que a pena deveria ser maior. “A morte de um profissional da imprensa que trabalhava de forma assídua na busca de solução de casos criminais deve ser levado em consideração para o aumento de pena”, diz o promotor. Apesar disso acredita que a condenação mostra a justiça sendo feita e o caso se apresentou como um divisor de águas na região.     O advogado de Pitote não concorda. “Esse coitado pegou 16 anos de cadeia. O julgamento foi contrário ás provas nos autos e vamos recorrer até o fim para mudar essa história. O bandido Serginho está solto e colocando todos nós em risco. Pergunto à sociedade e vocês repórteres se estão satisfeitos. Pegaram dois bois de piranha que estão cumprindo a pena. Apareceu a motivação, os mandantes?”. Pitote voltará a ser julgado dia 19 de agosto pela morte de Walgney Carvalho.

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