Ataques a ônibus em Minas Gerais desafiam as autoridades

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
04/06/2018 às 20:19.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:25
 (Jairo Chagas/Jornal da Manhã)

(Jairo Chagas/Jornal da Manhã)

Nada menos que 26 ataques a ônibus foram registrados em 17 cidades mineiras entre domingo e segunda-feira. A maioria dos coletivos ficou completamente queimada. Um adolescente que teria participado de uma das ocorrências foi internado com queimaduras. Não houve mais feridos.

Trinta suspeitos foram presos, sendo oito pessoas em flagrante. A motivação dos crimes, no entanto, ainda não foi esclarecida. Não está descartada que a ordem para os incêndios tenha sido dada por integrantes de facções criminosas, de dentro de presídios.

O Sul de Minas e o Triângulo foram as regiões com mais ocorrências. Só na primeira, 11 municípios registraram ataques. Em Itajubá (Sul), um jovem de 18 anos foi preso. Além de galões com combustível, ele estava com uma arma. Já em Guaxupé, na mesma região, seis veículos foram destruídos na garagem de uma empresa.

“Estamos diante de uma ação orquestrada, bem planejada, que aparenta ser de autoria de facções, muito provavelmente o PCC (Primeiro Comando da Capital, que é uma organização criminosa com atuação em todo o país). As cidades do Sul de Minas e do Triângulo contam com forte presença desses grupos”, diz Luiz Flávio Sapori, especialista em segurança pública e professor da PUC Minas.

Segundo o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da PM, alguns grupos podem estar se comunicando pelas redes sociais e aplicativos de mensagens de textos. Ele garante que essa questão tem sido investigada.

Em nota, o governo do Estado informou que as forças de segurança atuam de forma integrada e com prioridade para resolver e punir os responsáveis. Já a Polícia Civil alegou que é muito cedo para falar sobre qualquer relação entre os crimes.

Sem ônibus

Na capital, dois ônibus foram atacados, mas os motoristas conseguiram apagar as chamas rapidamente. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), nove coletivos foram queimados em 2018. Além disso, a entidade alega que o sistema está impossibilitado de repor os veículos, já que um novo custa cerca de R$ 400 mil.

Recentemente, o Hoje em Dia mostrou que cada ônibus incendiado por criminosos deixa de atender cerca de 500 passageiros por dia, conforme levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram). </CW>Na época, a PM informou que 33 coletivos foram destruídos por bandidos somente de janeiro a abril deste ano.

Polícia

Em algumas cidades, além dos ônibus incendiados, carros de populares e até uma viatura da PM foram atacados pelos criminosos. Em Cruzília, no Sul do Estado, bandidos dispararam 12 vezes contra uma Delegacia de Polícia Civil. Em Passos, na mesma região, pelo menos dez tiros foram dados em uma unidade da Polícia Militar.

Em Alfenas, também no Sul, um homem jogou um coquetel molotov – arma química incendiária – em uma viatura da polícia. “Consideramos que em algumas das ações, como a de Alfenas, possam ter sido executadas por ‘espelhadores’, ou seja, pessoas que se aproveitam de uma onda de casos para cometer crimes”, informou o major Flávio Santiago.

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