A maternidade é uma fase da vida da mulher acompanhada de diversas mudanças. As alterações no corpo acontecem praticamente de semana em semana, já que ele se prepara para dar mais conforto ao bebê em desenvolvimento. Para reduzir esses impactos e melhorar o estado de saúde da gestante, inserir na rotina ou continuar com atividades físicas diárias é a indicação de médicos e de outros profissionais da saúde.
A dor lombar e os inchaços são incômodos experimentados pelas mulheres no período. Um dos exercícios recomendados para diminuir esses sintomas é a hidroterapia, que é a fisioterapia realizada no ambiente aquático.
“Durante a gestação, com o crescimento do útero, o retorno venoso das pernas para a região abdominal diminui e por isso elas incham. Na água, é oferecida uma pressão que, associada aos exercícios, irá favorecer esse retorno, fazendo o sangue circular com mais facilidade, melhorando a oxigenação e o funcionamento dos rins”, explica o fisioterapeuta Rogério Celso Ferreira, da Fisior Hidroterapia.
A estudante Naiara Silva, de 21 anos, está no sexto mês de gravidez e experimenta os benefícios da atividade, indicada pelo médico. “Antes dos exercícios eu estava muito tensa, inchada. Agora, estou dormindo bem melhor e não incho muito”, descreve.
Na água, a paciente pode ficar deitada sem sofrer a ação da gravidade, o que vai promover um relaxamento grande dos músculos, afirma o fisioterapeuta. “O ambiente aquático vai facilitar os exercícios que são feitos principalmente para a coluna e para as pernas”, destaca Rogério Ferreira.
A jovem Naiara confirma o relaxamento promovido pela atividade. “É muito aconchegante, trabalho bem a respiração, estou me sentindo mais saudável”, observa.
Receita
A água também trouxe diversos benefícios à empresária Nathália Jácome, de 29 anos, nas duas gestações. Ela já tinha uma rotina de atividades físicas, inclusive musculação, modalidade que afirma nunca ter deixado de fazer.
No entanto, no decorrer da gravidez de Lorenzo, o primogênito que hoje está com 3 anos, Nathália inseriu um novo exercício: a natação. “Eu não sabia nadar, aprendi durante a gestação”, relembra.
A empresária conta que não sentia o peso na água e que foi o melhor esporte que poderia ter feito nessa fase. “Com nove meses, eu nadava 2 mil metros”, diz.
Para a gestação do caçula Enrico, hoje com 1 ano, ela repetiu a dose de natação e musculação. Arquivo pessoal / N/ANathália Jácome atribui à atividade física a perda rápida do peso adquirido na gravidez após o parto
A prática de exercícios no pós-parto favorece a recuperação do tônus muscular
O fortalecimento dos músculos abdominais é uma das mais importantes contribuições da atividade física no pós-parto. A falta de tônus muscular pode gerar inconvenientes como a diástase da parede abdominal (separação entre porções musculares) e a incontinência urinária.
“Por conta do nascimento da criança, muitas mulheres param de se cuidar, os hábitos de vida mudam em função de o foco estar no bebê. Este é um momento chave para inserir a atividade física”, destaca o diretor-técnico da Cia Athletica, Diogo Fiorini.
Além dos benefícios musculares, os exercícios interferem diretamente no aumento da energia e da disposição, auxiliam na prevenção de depressão pós-parto, aliviam o estresse e contribuem para a qualidade do sono.
Nathália Jácome teve ganhos satisfatórios. “A atividade física ajudou meu corpo a voltar mais rápido. Em 15 dias, retornei ao peso anterior à gravidez. E atribuo essa conquista aos exercícios, já que não fiz uma dieta tão rigorosa durante as gestações”, conta a empresária.
Prazo
Diogo Fiorini afirma que não há um tempo pré-determinado para o retorno às atividades depois do parto, cada caso deve ser avaliado individualmente e deve haver liberação médica.
“Se o parto tiver sido normal, poucos dias depois a mulher pode voltar para a academia. Claro que com atividades mais moderada, 30 minutos de caminhada ou natação, por exemplo”, indica.
No pós-parto de Nathália foi assim, um ritmo mais lento para recomeçar. “Como tive duas cesáreas, retornei à academia após 60 dias. Então, continuei um pouco com a natação que fazia durante a gravidez, a musculação e aulas coletivas. Seis meses depois, estava no crossfit”, relembra.
Um dos receios entre as gestantes é a interferência do exercício físico na amamentação. Fiorini desmistifica a questão. “A prática de atividade não prejudica a produção e nem a composição do leite. Basta que a mulher atente a consumir mais água do que o já é recomendado normalmente durante os exercícios”, informa.