Autoridades alertam sobre riscos do cerol e linha chilena no mês das férias

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
19/07/2018 às 10:19.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:29
 (Mariana Durães)

(Mariana Durães)

Médicos do hospital João XXIII, bombeiros e guardas municipais de BH voltaram a alertar sobre os graves acidentes causados pelo uso de cerol e linha chilena. Em coletiva na manhã desta quinta-feira (19), eles mostraram dados que assustam: só neste mês, até quarta-feira (19), cinco pessoas foram encaminhadas ao serviço de urgência com ferimentos causados pelo material cortante. Neste ano, foram 22 casos.   

De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, a expectativa é de que os casos aumentem. "Julho é um mês que temos mais ocorrências e infelizmente devemos quebrar esse recorde do ano passado, que já é tão negativo. Além das férias escolares, é uma época de muitos ventos", explicou.

Além de irresponsável, soltar pipa nessas condições é crime. Quando um menor de idade é encontrado utilizando estes materiais, uma multa que varia de R$ 100,00 a R$ 1,5 mil, é encaminhada aos responsávies. O maior problema, afirma o tenente, é a conscientização das crianças, que muitas vezes são incentivadas pelos pais e não percebem os riscos da prática. 

Na região em que o motociclista Ivan Rodrigues Oliveira, de 25 anos, mora, a noção de que esses não são instrumentos para brincadeira só surgiu quando ele foi a vítima. Há 20 dias o jovem ia para a casa de um amigo quando viu a linha com cerol passar e cortar seu pescoço, de uma extremidade a outra, enquanto pilotava sua moto pela Avenida dos Andradas. "Eu bobiei e estava com a antena abaixada na hora. A cena foi horrível. Era muito sangue e se não fosse o atendimento rápido dos guardas que passavam no momento, talvez eu não estaria aqui", diz. Ivan chegou ao pronto socorro em estado gravíssimo, teve que passar por cirurgia e ficou seis dias internado e segue afastado do trabalho. 

Além de ferimentos e sequelas permanentes, os acidentes com linha chilena e cerol podem causar a morte das vítimas. De acordo com o médico e diretor técnico da Gerência Assistencial do HPS, Marcelo Lopes Ribeiro, a linha chilena é vinte vezes mais cortante que um bisturi. "O perigo maior é para a área do pescoço, que tem vasos importantes e de muita pressão. Em cinco minutos a pessoa pode ter um choque hemorrágico e morrer. Outras áreas, no entanto, podem ser afetas, como mãos e pernas", afirma.

Um exemplo, ele conta, foi um paciente que colocou as mãos na frente para evitar machucar o pescoço. Com isso, o homem de 25 anos teve uma lesão permanente no tendão e não consegue mais fechar a mão. O médico alerta também para os riscos aos quais quem empina pipa nessas condições fica exposto. "Às vezes as crianças também se machucam com cortes profundos nas mãos e braços, caem de lajes quando fazem força para soltar a linha, e até podem se machucar quando elas se enrolam em fios de alta tensão", alerta. 

Prevenção

Para previnir outros acidentes, a Guarda Municipal tem visitado escolas e conversado com as crianças. Os agentes explicam os riscos e dão dicas: soltar pipas em locais abertos, preferencialmente em parques; nunca perto de aeroportos, da rede elétrica e em dias nublados. As rabiolas também devem ser evitadas, porque elas se enroscam mais facilmente nos objetos. Nas blitze educativas, motociclistas recebem antenas para equipar o veículo e instruções de proteção. "Lembramos sempre que ela precisa ficar levantada para funcionar e que o motociclista deve usar todos os equipamentos de segurança. O colar cervical, por exemplo, ajuda muito", lembra o Guarda de Classe Especial da Guarda Municipal, Eder Gotelip.

Prejuízo

Há mais de um mês, o helicóptero da Corporação, que é utilizado para o auxílio no transporte de vítimas de acidentes e de órgãos para transplante está parado por conta de danos causados por uma linha de pipa. A aeronave ficou presa quando pousava no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, no dia 15 de junho. “Uma peça que custa cerca de 40 mil dólares, e é feita sob medida, na França, foi danificada e não temos previsão de chegada”, afirmou o tenente Pedro Aihara. 

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