Baixos salários dificultam a contratação de pediatras no interior de Minas

Girleno Alencar - Do Hoje em Dia
08/01/2013 às 06:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:23
 (Dione Afonso)

(Dione Afonso)

MONTES CLAROS – Os hospitais de Montes Claros, no Norte de Minas, que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão com dificuldades de contratar pediatras para os quadros dos pronto-atendimentos e pronto-socorros. Como consequência, a espera por uma consulta é longa e deixa famílias revoltadas.

A situação ainda é mais complicada nos fins de semana e feriados. Atualmente, cada hospital paga de R$ 550 a R$ 1 mil por um plantão de 12 horas. Mesmo assim, faltam profissionais. Na segunda-feira (7), a Secretaria Municipal de Saúde iniciou conversações com os diretores dos hospitais em busca de uma solução.

Caso de polícia

No fim do ano, a Polícia Militar foi acionada por diversas mães que esperavam por atendimento na Santa Casa e no Hospital Universitário. A situação se agravou com o surto de dengue e uma virose que ocorreu na cidade. Os postos de saúde não funcionaram e houve uma procura maior pelos hospitais.

Na tarde de ontem, o pedreiro Benildo Pereira da Silva levou a filha Camila Vitória ao Hospital Municipal Alpheu de Quadros. A menina estava com infecção na garganta, febre e tosse. Ele teve sorte, pois conseguiu atendimento em menos de 20 minutos. A mesma realidade, no entanto, não ocorreu durante a manhã, quando a demanda é maior.

A situação é agravada por pacientes que vêm de outras cidades em busca de socorro. É o caso da dona de casa Tânia Alves da Silva, que percorreu 135 quilômetros de São João da Ponte até Montes Claros em busca de atendimento para a filha recém-nascida Yasmin. Na cidade onde mora não há pediatra.

O superintendente da Santa Casa de Montes Claros, Samuel Figueira, publicou na imprensa, no último sábado, um comunicado sobre a falta de pediatras. A intenção era evitar que os usuários procurassem o atendimento na unidade de saúde.

O hospital paga R$ 550 pelo plantão, mas o custo é maior em função dos direitos trabalhistas, como 13º salário e férias. Como o hospital amarga um prejuízo mensal de R$ 450 mil com o funcionamento do pronto-socorro, não tem como oferecer remuneração maior.

Escala apertada

A Santa Casa tem quatro pediatras para cobertura 24h, sendo um no CTI Neonatal, outro na sala de parto, um no pronto-atendimento e outro no pronto-socorro. Porém, quando falta um, compromete toda a escala e deixa o setor desamparado.

Samuel Figueira alega que o desinteresse dos pediatras pela emergência está diretamente relacionada à baixa remuneração. Nos consultórios, eles recebem R$ 50 por consulta pelos planos de saúde e R$ 250 por atendimentos particulares.

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