Bebida à base do soro de leite é aposta saudável de pesquisador mineiro

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
12/08/2016 às 20:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:20
 (Epamig /Divulgação)

(Epamig /Divulgação)

Rico em proteínas, vitaminas do complexo B (essenciais para o bom funcionamento do sistema nervoso) e sais minerais, mas pouco valorizado pelo consumidor. O soro de leite, produto que sobra da produção do queijo, é descartado às toneladas pela indústria alimentícia diariamente. 

Um pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), porém, encontrou uma destinação inusitada para o produto: a criação de um “refrigerante do bem”, capaz de prevenir contra a degeneração muscular, câncer de pele, proteger a retina da radiação solar e ainda retardar o envelhecimento.

O produto desenvolvido pelo professor Junio de Paula começou a ser pensado há três anos. A ideia veio depois de discutidas opções de destinação correta do soro, que, se jogado na natureza sem tratamento, pode destruir o meio-ambiente. “Quando muito, a indústria de laticínios separa parte do soro para retirar proteínas e alimentar o gado, mas é um processo caro, com que as empresas pequenas não conseguem arcar, por isso jogam no solo ou na água. Um laticínio com produção de 50 mil litros diários polui o equivalente a uma cidade de 100 mil habitantes, daí pensamos em opções para esse produto”, conta Junio.

Junio de Paula transformou o que ia para o lixo em alimento que regenera músculos e ainda retarda envelhecimento. Ainda falta patrocinador para a produção

Ao ter contato com uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de São Paulo que mostrava a queda no consumo de laticínios e o aumento do consumo de refrigerantes entre crianças e adolescentes de 11 a 17 anos, o pesquisador resolveu investir na área. Adicionou luteína, um corante benéfico para a saúde extraído da flor capuchinha. A espécie se assemelha ao agrião e é comestível, cultivada em hortas urbanas há alguns anos.

“A luteína é um potente antioxidante, acumula-se na mácula do olho e protege a visão contra radiação ultravioleta que vem do sol. Esse pigmento não é produzido pelo organismo e precisa ser consumido pela alimentação”, explica o pesquisador. “Nossos testes comprovaram que, além de diminuir a oxidação do produto e fazê-lo durar por mais tempo, a luteína também retarda o envelhecimento do organismo e a propriedade faz diminuir a incidência de câncer”.

Como foi pensado para dar vazão a um produto cujo tratamento é custoso, o refrigerante pode ser produzido com equipamentos utilizados na própria fábrica de laticínios. O produto tem gosto ácido e adocicado e, ao ser apresentado em uma feira de inovação promovida pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) na semana passada, foi bem aceito pela criançada. “O resultado foi muito positivo e até nos surpreendeu. Algumas crianças passavam, se negavam a tomar, mas depois de tomar o primeiro gole até pediam mais”, alegra-se o pesquisador.

Venda

Ainda deve demorar um pouco para que o produto chegue às mesas do país. Embora a capuchinha seja de cultivo fácil, a extração da luteína não é simples e encarece o processo. Agora a equipe de Junio, que também conta com outros cinco pesquisadores e dois mestrandos de ciência em tecnologia de leite e derivados da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), se prepara para apresentar o refrigerante na Feira Internacional de Negócios e Tecnologia (FNIT). 

O evento será 9 de novembro no Expominas e Junio espera chamar a atenção de investidores interessados em fabricar a invenção em larga escala.
 

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