BH intensifica ações para proibir moradia improvisada da população de rua

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
19/07/2018 às 20:15.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:30
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A população em situação de rua é um dos maiores desafios a serem enfrentados em Belo Horizonte. A afirmação é do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado. Ele participou ontem, ao lado de outros gestores, do anúncio de uma série de medidas para tratar desta questão e acolher os sem-teto. Uma das principais medidas será a intensificação dos trabalhos para desobstruir vias públicas ocupadas com os pertences das pessoas.

Atualmente, as abordagens são feitas apenas por uma equipe, formada por psicólogos, assistentes sociais, agentes da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), técnicos da Polícia Urbana e profissionais da Guarda Municipal. Até o fim deste mês, serão oito grupos. O reforço visa impedir que verdadeiras casas sejam erguidas nas calçadas, com barracas, móveis, colchões, varais e fogareiros.

Os objetos serão transferidos para um depósito da prefeitura – que não teve o endereço divulgado – ou levados pelo próprio morador de rua, desde que não ultrapasse o volume de um carrinho de supermercado. O que ficar guardado poderá ser retirado posteriormente, desde que ele comprove um local para deixar o material.

“É um problema gigante, talvez o maior que a cidade tem hoje” (Jackson Machado, secretário Municipal de Saúde)

Raul MarianoFabiana mora ao lado da rodoviária e teme perder os poucos bens que possui

Milhares nas ruas

O último levantamento da Prefeitura de BH aponta que há cerca de 4.500 pessoas vivendo nas ruas da capital. Pelo menos metade está com sofrimento menta[/TEXTO]l e faz uso de álcool e outras drogas, conforme o secretário Jackson Machado. Ele reforça que neste grupo estão pessoas ainda mais vulneráveis, como grávidas, puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto) e pacientes que abandonaram o tratamento de tuberculose.

Segundo a secretária de Polícia Urbana, Maria Caldas, 80% dos que vivem no Centro de Belo Horizonte, onde há a maior concentração da população de rua, já foram abordados. A ação também se estenderá para outras regiões, como o Barro Preto, na Centro-Sul, e a Pampulha.

Para Fabiana Magalhães, de 27 anos, que mora há dois meses na calçada da avenida do Contorno, ao lado da rodoviária de BH, o risco de perder os poucos bens materiais incomoda. “Tomara que ninguém leve embora o que a gente tem. Se isso acontecer, não sei o que vou fazer”, diz.

Já Anderson Vieira, de 46 anos, que veio de Mariana, na região Central, para a capital mineira e acabou se envolvendo com o uso de drogas, afirma que a coleta dos itens não fará diferença. “Se pegarem tudo hoje, amanhã a gente já consegue de novo com outras pessoas. Não ligo”, garante.

Centros de acolhimento

Também foi anunciado que a capital terá um centro de acolhimento a gestantes e puérperas em situação de rua. O espaço deve ficar pronto em 2019 e disponibilizará 40 vagas, inclusive para os pais das crianças. Além desta novidade, outro abrigo para famílias será criado, com capacidade para 50 pessoas. Os locais onde os serviços serão instalados não foram informados.

“Será uma moradia provisória, até que a pessoa consiga criar e ter condições para regressar à família ou elaborar um novo projeto de vida”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Maíra Colares.

O atendimento será feito em conjunto com a Secretaria de Saúde de BH. O município, que já tinha uma equipe específica para atuar junto à população de rua no Centro de Saúde Carlos Chagas, no Santa Efigênia, na região Leste, passará a ter, ainda neste mês, um reforço dos profissionais do posto Oswaldo Cruz, no Barro Preto, na regional Oeste.

Colaborou Raul Mariano

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