“BH vai até você” leva o patrimônio da cidade até estudantes do ensino fundamental

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
29/04/2016 às 18:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:12
 (Cristiano Machado/Hoje em Dia)

(Cristiano Machado/Hoje em Dia)

Em silêncio e com atenção, Luna Rodrigues, de 9 anos, observa as curvas de concreto, admira o painel de azulejos e memoriza a beleza de um dos principais símbolos da história de Belo Horizonte. Cuidadosamente, encaixa cada uma das peças e termina a montagem do quebra-cabeça da Igrejinha da Pampulha. 

Diante de um pedaço da capital até então novo para ela, aprende mais uma lição. “É diferente de todas as outras (igrejas), que são quadradas”, diz. O jogo de raciocínio com a imagem do ícone modernista projetado por Oscar Niemeyer integra um pacotão de atividades que serão desenvolvidas com crianças e adolescentes da cidade.

A história, o patrimônio e o turismo da metrópole agora integram a grade curricular dos jovens da rede municipal de educação. Dez mil alunos do ensino fundamental, matriculados na Escola Integrada, vão participar do projeto “BH vai até você”. A iniciativa é da Belotur em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

Mais do que apresentar cartões-postais da capital aos estudantes, o projeto visa formar multiplicadores da cultura local. Para transmitir o conhecimento aos alunos, cerca de 200 professores das 173 escolas integradas participam de uma capacitação, iniciada na última semana. 

Em seguida, os docentes levam para a sala de aula dinâmicas em grupo, vídeos, brincadeiras, desafios e outras atividades lúdicas com temáticas focadas na Pampulha, nas praças do Papa, da Liberdade e da Estação, nos museus e nos parques da cidade. A proposta é utilizar as informações turísticas no reforço escolar previsto na Escola Integrada.

Jogo da memória

Kemilly Vitória, Mateus Lucas Ferreira e Kauan Pereira, todos com 9 anos, e João Pedro Coelho, de 10, estudam na Escola Municipal Marlene Pereira Rancante, do bairro Alípio de Melo, na Pampulha. Na semana passada, enquanto se divertiam com o jogo da memória, aprendiam sobre a valorização de alguns bens culturais do município.

Casa do Baile, Jardim Japonês do Zoológico, Minascentro e Expominas eram algumas das cartas utilizadas na brincadeira do quarteto mirim. “Esse aqui eu não conheço, mas já sei que lá acontecem grandes eventos. Achei lindo e gostaria de visitá-lo”, disse Kemilly ao mostrar a carta do centro de convenções do bairro Gameleira, na região Oeste da cidade.

Multiplicadores

Prova de que o processo de sensibilização turística dá certo e ultrapassa os limites da sala de aula é Phillipe Guilherme Leal de Oliveira, de 14 anos. Ele tem na ponta da língua as informações sobre a Igreja de São Francisco de Assis e garante que vai contar para todos da sua casa. “A obra é do Niemeyer e o painel azul do Candido Portinari. Eu li isso”, conta o menino.

Quem também aprendeu o novo dever de casa e promete ser mais um multiplicador do conhecimento é o aluno do 9° ano do ensino fundamental João Victor da Silva Batista, de 14. “Vi que no material distribuído tem esse museu (de Artes e Ofícios). Achei bem interessante as peças de profissões antigas”.

Estímulo

Da teoria na escola para a aula prática nos cartões-postais. A proposta do projeto “BH vai até você” é levar os estudantes aos espaços culturais. O passeio, acompanhado pelos professores, será mais uma forma de estímulo ao desenvolvimento do turismo.

As visitas devem começar ainda no primeiro semestre, antecipa a integrante da Gerência de Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria de Educação, Vanessa Barbosa de Araújo.

“Nesse momento em que se discute tanto o trabalho realizado nas escolas, é imprescindível compreender melhor a cidade em que se vive. Ao conhecer o território, o aluno respeita e valoriza o patrimônio local. O aprendizado na instituição é fundamental, mas a ideia é trazer eles até esses espaços”.

Assessora do departamento de marketing da Belotur, Neuma Horta diz que este é apenas o início de uma proposta promissora. “Estamos apenas plantando uma semente. O restante do trabalho, a forma como o patrimônio de BH será trabalhado ficará a cargo de cada professor”, afirma Neuma, uma das responsáveis pela capacitação dos professores da Escola Integrada. 

Atuando há 30 anos na área da educação, a coordenadora pedagógica Maria Antonia Tanure, da escola Marlene Rancante, aprovou a iniciativa. Na escola dela, 270 jovens participam do programa.

Ela lembra que os limites a serem explorados vão além de BH. “No museu de Arte Popular existem esculturas de barro do Vale do Jequitinhonha. Ou seja, a história de mais um patrimônio mineiro que poderá repassada”. 

Durante a capacitação dos professores, Elci Gonçalves Brandão de Paula, da Escola Municipal Maria de Magalhães Pinto, do bairro Santa Terezinha, na Pampulha, tirou várias fotos. “Vários trabalhos podem ser feitos. As possibilidade são incontáveis”.

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