Cabeças de gado são apreendidas em área de preservação permanente no norte de Minas

Paula Bicalho
pbicalho@hojeemdia.com.br
11/07/2017 às 19:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:30
 (Divulgação FPI)

(Divulgação FPI)

​O dono de uma propriedade rural situada às margens dos rios São Francisco e Urucuia, no município de Pintópolis, teve 275 cabeças de gado apreendidas após uma ação das equipes integrantes da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), que está acontecendo em 18 municípios da região do Médio São Francisco, na região Norte de Minas Gerais.

O gado foi encontrado em um Área de Preservação Permanente - lagoas marginais aos rios Urucuia e São Francisco – onde não é permitida a supressão de vegetação. No ano passado, este proprietário já havia sofrido embargo, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), em razão das mesmas irregularidades.

Para secar as lagoas, ele fez um barramento das águas dos rios nos pontos em que abastecem as lagoas, aplicou herbicida para matar a vegetação nelas existente e, em seguida, plantou capim, impedindo a regeneração da mata nativa. Ao retornar à propriedade na semana passada, a equipe da FPI constatou que o fazendeiro não só descumpriu o embargo, como agravou os danos ambientais, realizando novas intervenções em  outras áreas protegidas.

Consequências

Os especialistas ambientais da FPI explicam que as lagoas marginais têm importância ecológica fundamental para a bacia do rio São Francisco, sendo um dos mais importantes fatores de manutenção dos estoques pesqueiros. Elas funciona como uma espécie de criadouro natural para espécies de peixes que, durante a piracema, percorrem longas distâncias no São Francisco para se reproduzirem. As lagoas também servem de abrigo e fonte de recursos alimentares para a fauna local, constituindo ainda importante fonte de subsistência das populações ribeirinhas.

“As pessoas têm que ter consciência de que, quando se fala em ecossistema, estamos falando de uma rede intrincada de relações em cadeia. Um dano causado em determinado local vai impactar em toda a bacia, causando prejuízos que, além de imensuráveis, podem comprometer o rio por gerações inteiras”, afirma o procurador da República Eduardo Henrique de Almeida Aguiar, que instaurou um procedimento investigatório contra o proprietário.

Além do gado apreendido, o fazendeiro foi autuado por descumprimento do embargo, armazenamento e descarte irregular de substância tóxica ou perigosa, supressão de mata nativa sem prévia autorização ambiental - já que ele abriu uma estrada nas margens dos rios Urucuia e São
F e por impedimento de regeneração de mata nativa em área protegida. Os valores das multas, somadas, ultrapassaram 800 mil reais.

Operação

Cento e sessenta agentes públicos de 15 diferentes órgãos estão em campo até 14 de julho para uma ação inédita em Minas Gerais, a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) na Bacia do Rio São Francisco. O objetivo é buscar a preservação e recuperação do rio, diagnosticando danos ambientais, autuando infratores e prestando orientações. 

Participam da operação os Ministérios Público Federal (MPF), do Trabalho (MPT) e do Estado de Minas Gerais (MPMG); a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) - que exerce fiscalização em assuntos ligados ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), à Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) –; o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-Minas); o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG); a Polícia Rodoviária Federal (PRF-MG); a Polícia Federal (PF-MG); a Polícia Civil (PCMG); a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).​

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