Caminhões em má conservação são risco no Anel Rodoviário de BH, palco de inúmeras tragédias

Raul Mariano e Anderson Rocha
horizontes@hojeemdia.com.br
29/08/2017 às 19:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:19
 (Pedro Gontijo/Arquivo Hoje em Dia)

(Pedro Gontijo/Arquivo Hoje em Dia)

A má conservação dos caminhões que transitam pelo Anel Rodoviário de BH é fator preponderante para os acidentes na rodovia. Pneus carecas, faróis queimados e tacógrafos com defeito são características comuns na maior parte dos veículos envolvidos nas colisões, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv).

Por dia, cerca de 160 mil veículos trafegam pelo Anel Rodoviário

Blitz realizada ontem no Km 541, no bairro Buritis, zona Oeste, autuou 28 motoristas que conduziam caminhões com algum problema relacionado à conservação dos veículos de carga. O número representa 62% do total de 45 fiscalizados.

A Operação Carga Pesada aconteceu 11 dias após um grave acidente matar uma pessoa e ferir outras quatro na via. A tragédia, ocorrida no bairro Betânia, envolveu um caminhão, duas carretas, dez carros e duas motocicletas. “A intenção (da blitz) é conscientizar o motorista de veículo pesado para o número de acidentes com esses condutores”, frisou o comandante de policiamento no Anel, tenente Pedro Henrique Barreiros. De 2007 a 2016, 319 pessoas morreram e 10.209 ficaram feridas em acidentes no Anel Rodoviário.PMRv/DivulgaçãoCom pneus carecas, veículos pesados não conseguem parar em tempo hábil

O policial destacou, ainda, que o estado de conservação dos caminhões está diretamente ligado à probabilidade de novos acidentes. “Com pneus carecas, o veículo pesado não consegue parar em tempo hábil durante a frenagem. Com a parte elétrica comprometida, a luz de freio não acende e aumenta muito a chance de colisões”.

A atuação de ontem avaliou o tacógrafo e itens de segurança e da parte elétrica dos caminhões. Os condutores foram submetidos ao teste do bafômetro. Nenhum motorista foi flagrado com substâncias ilícitas ou embriagado.

Empresas

Para muitos caminhoneiros, alertar as empresas é fundamental. “Muitos motoristas da classe são irresponsáveis. Mas há, também, parcela de culpa das empresas, que nos impõem horários difíceis de cumprir”, afirmou o condutor autônomo Antônio José de Oliveira Souza, de 23 anos. O rapaz foi parado na blitz quando chegava a BH, vindo do Rio de Janeiro, com uma carga de vidro. Sem o disco do tacógrafo, ele foi autuado. 

Luiz Carlos Mapa, de 49 anos, reclama da falta de blitze. Ele afirma que passa pelo Anel pelo menos duas vezes por semana. “Quantas famílias inocentes morrem risco aqui? Tinha que ser todo dia, e é muito difícil de ver acontecendo”.

Responsabilidade

Engenheiro de transportes e trânsito, Frederico Cabral da Silva diz que tanto as empresas quanto os caminhoneiros autônomos são responsáveis por manter os veículos em condições ideais de circulação. No entanto, ele avalia que as transportadoras donas dos veículos têm a obrigação de prezar pela segurança dos motoristas e das demais pessoas que transitam pela mesma via. “Se as empresas passarem a negar serviços para caminhões em más condições, os autônomos também serão obrigados a mantê-los dentro dos padrões. Todo mundo ganha”, conclui.

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