Capela centenária em degradação facilita a ação de ladrões

Girleno Alencar - Do Hoje em Dia
24/06/2012 às 09:07.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:03
 (Dione Afonso)

(Dione Afonso)

JANUÁRIA – A aposentada Maria da Conceição Alves de Souza, de 66 anos, guarda em sua casa duas preciosidades: as imagens em madeira de São Benedito, produzida no século 17, e de Jesus crucifixado, ambas vindas de Portugal e que formavam o acervo da Capela de Nossa Senhora do Rosário, no distrito de Brejo do Amparo, em Januária, a mais antiga de Minas. A iniciativa é para evitar que as duas imagens tenham o mesmo destino do sino da capela e da imagem de Nossa Senhora do Rosário, levados por ladrões.

A capela está bem degradada, o que facilitaria a ação dos criminosos. A imagem de São Benedito é avaliada por especialistas em R$ 5 milhões.

O trabalho de Maria da Conceição em zelar pelas imagens dá sequência à tarefa exercida pelo pai dela, Benedito Alves dos Santos, que durante 50 anos foi zelador da igreja. Ele morreu em 2007 aos 87 anos. A maior tristeza de Maria da Conceição é ter perdido o controle da igreja, após um político da localidade tomar as chaves e mandar trocar todos os cadeados, restringindo a presença da aposentada.

Por isso, ela tomou a decisão de deixar as imagens em casa, assumindo a função de guardiã delas. Uma sineta bem antiga reforça o acervo, que ela reconhece ser muito valioso. Dois cães a ajudam a monitorar a presença de qualquer estranho.

Batizada na capela, Maria da Conceição lamenta o quadro de deterioração do prédio, construído em 1688 pelos escravos que residiam às margens do rio São Francisco. “É uma igreja símbolo dos escravos, pois, na época, eles aproveitavam os momentos de folga para construir o templo, onde podiam praticar a religiosidade.

Além disso, os jesuítas sofreram para construir a igreja, pois a área selecionada inicialmente, onde está o distrito de Pedras de Maria da Cruz, teve resistência dos indígenas, que os fizeram correr. Somente nesta área mais alta, conhecida como Barro Alto, é que permitiram e, então, entrou a mão de obra escrava”, explica Maria da Conceição, atuando como guia histórica.
A igreja segue o estilo arquitetônico dos jesuítas, inclusive com átrio grande, que servia de defesa para qualquer ataque.

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