Certidão comprova residência de Guimarães Rosa na rua Leopoldina

Letícia Alves - Hoje em Dia
11/03/2015 às 07:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:18
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Uma certidão de casamento amarelada, datada de 17 de julho de 1942, é a prova de que um dos maiores romancistas brasileiros viveu em uma casa na rua Leopoldina, no bairro Santo Antônio, zona Sul de Belo Horizonte.

Nascido em 1908 em Cordisburgo, região Central, Guimarães Rosa passou parte da infância e a juventude na capital mineira, onde se formou em medicina e se casou. No período em que viveu na cidade, já despontava como um escritor promissor, premiado pela autoria de contos. Mas o local exato onde morou não é reconhecido pelas autoridades municipais.

Porém, o surgimento da certidão de casamento torna-se uma importante prova. O documento está guardado na Superintendência de Museus e Artes Visuais, órgão ligado à Secretaria de Estado de Cultura.

A certidão, uma segunda via do casamento do escritor com a primeira mulher, Lygia Cabral Penna, atesta a cerimônia realizada em junho de 1929 e aponta ainda o endereço do casal: rua Leopoldina, número 415. Local que, décadas depois, abrigou bares famosos, como o do Lulu e o Botequim Santo Antônio. O documento está autenticado por Vicente de Paulo Silveira, oficial do registro civil da 1ª zona de BH.

Para Sávio Leite, fundador da página no Facebook “Salvem a casa de Guimarães Rosa”, a certidão era o que faltava para exigir uma providência da prefeitura para dar uma destinação mais nobre à casa. “Se tiverem um mínimo de sensibilidade, irão preservar”.

O imóvel, que fica na esquina com rua Congonhas, engloba um conjunto arquitetônico de 13 casas tombadas pelo patrimônio municipal. Todas integrarão um grande empreendimento imobiliário a ser construído no quarteirão. O projeto prevê a instalação de uma a quatro torres de 27 andares cada, nos fundos dos terrenos.

Na última sexta-feira, a prefeitura cassou os alvarás de funcionamento dos dois últimos empreendimentos comerciais ainda em atividade. Não há ainda expectativa do início das obras nem informações da construtora responsável sobre o uso do conjunto tombado no projeto.

BEM CULTURAL

Para Sávio Leite, uma homenagem de Belo Horizonte, à altura de Guimarães Rosa, seria transformar a casa em um museu ou em um centro cultural. Ele tem uma reunião marcada com a Fundação Municipal de Cultura (FMC), ainda nesta semana, para tratar do assunto.

Segundo o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, ligado à FMC, as fachadas e área interna dos imóveis não serão descaracterizadas com a construção das torres, mas restauradas, mantendo as características originais.

O conselho informa que a aprovação do projeto arquitetônico seguiu uma série de diretrizes, entre elas o afastamento mínimo de cinco metros entre o empreendimento e o casario. Quanto ao uso que se fará dos imóveis, deverá ser compatível com os bens. Caso contrário, o conselho poderá intervir.

A empresa Século 30 Arquitetura e Restauro, responsável pelo projeto, confirmou que ainda não foi decidido como os imóveis serão utilizados. A empresa adiantou que as fachadas das torres serão voltadas para as ruas São Domingos do Prata e Congonhas.

Ninguém da construtora Canopus foi encontrado para esclarecer detalhes do projeto. 

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