Cidade do interior de Minas Gerais quer Cristo de 28 metros para atrair turista

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
08/02/2015 às 07:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:56
 (Divulgação)

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GOVERNADOR VALADARES – O município de Itanhomi, no Vale do Rio Doce, pretende construir uma estátua do Sagrado Coração de Jesus, monumento que terá 30 toneladas e 28 metros de altura – apenas dois metros menor que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Se sair mesmo do papel, a imagem custará R$ 200 mil e ficará de braços abertos para uma cidade com problemas na área da saúde, educação e ensaia decretar situação de emergência por causa da estiagem. Os gastos com o cristo dividem os moradores.   A imagem ficará no ponto mais alto da cidade de 12 mil habitantes, conhecido como “morro do Cruzeiro”, bem de frente para a igreja matriz. No local já está sendo construído um complexo turístico com mirante, lanchonete, restaurante, estacionamento e banheiros, obra orçada em R$ 465 mil e que deve ser concluída em três meses. Os recursos são da Caixa e do Ministério do Turismo. Já para o Cristo, não há recursos assegurados.   Mas o consultor jurídico da Prefeitura de Itanhomi, Leonardo da Gama Lima, não vê dificuldades para garanti-los. Foi dele a ideia de tirar do papel o monumento idealizado há 20 anos em homenagem ao padroeiro da cidade. Em 2011, a Câmara aprovou a abertura de um crédito especial de até R$ 180 mil para a obra.   A ideia agora é não tirar mais nada do orçamento do Executivo – o previsto para 2015 é de R$ 32 milhões. “Vamos correr atrás dos deputados da região e pedir emendas que garantam os R$ 200 mil para o Cristo. Itanhomi precisa desse complexo turístico para atrair visitantes e aumentar a sua renda”, enfatiza Lima.    A construção gera polêmica entre os habitantes, independentemente da crença. “É um absurdo, estão brincando com o dinheiro público. É o mesmo que jogar dinheiro para cima”, reclama o pedreiro José Domingos, de 59 anos. A dona de casa Aparecida de Jesus, de 49 anos, também não concorda. “Seria bom, mas não é hora para isso. Deveriam investir esse dinheiro no nosso hospital que só atende quem chega morrendo”, reclama.    Já o nome do aposentado José Camilo Gomes, de 83 anos, está no abaixo-assinado elaborado em 1996 que já pedia a construção do Cristo. “O povo precisa de hospital, mas também de diversão e religiosidade. Quero o Cristo lá no morro”, diz.   Se dizendo surpreso com a polêmica, o assessor jurídico da prefeitura garante que a ideia de construir o Cristo é anterior à crise pela qual passam os municípios mineiros, além de Itanhomi. E garante que todos (os problemas) estão sendo tratados paralelamente. “O monumento não é prioridade máxima, mas já gastamos muito com o mirante que está em obras, e ele sem o Cristo não vai funcionar. Mas se for o caso, vamos adiar esse projeto”, pondera.   O prefeito de Itanhomi José Carlos Pires Gomes (PDT) disse que não investirá recursos municipais na construção do Cristo. Mas também não impedirá o seu assessor jurídico de tentar levantar o monumento.

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