Após 22 anos abandonado, Teatro de Santa Luzia será entregue na sexta-feira

Renato Fonseca - Hoje em Dia
15/03/2016 às 06:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:48

Do cenário de completo abandono da construção que estava prestes a ruir à reforma ainda que tardia. O clamor por socorro dos moradores de Santa Luzia, na Grande BH, foi atendido e o único teatro municipal volta a abrir as cortinas na próxima sexta-feira, data em que a cidade completa 324 anos.

Mais do que um presente de aniversário, a revitalização salva um patrimônio cinquentenário e projeta novos ares para a cultura local. Por mais de duas décadas, a construção neocolonial ficou fechada, acumulando mofo e infiltrações.

Desde 2011, o Hoje em Dia mostra a deterioração do espaço, que estava com as janelas e o telhado danificados, cadeiras quebradas e placas de gesso se soltando do teto. O descaso se tornou uma problema de saúde, com a presença de ratos, fezes de pombos e piolho.

Modificações

Iniciada em agosto, a obra custou R$ 1,5 milhão. Operários correm contra o tempo para ajustar os último detalhes antes da inauguração. A intervenção preservou os traços da antiga fachada, mas apresenta duas novidades: rampa de acesso para cadeirantes e nova pintura nas cores verde, azul e branca. O interior foi totalmente modificado.

O piso da entrada, próximo à bilheteria, é de granito e na área do palco, de carpete. Em péssimo estado de conservação, os assentos originais de madeira darão lugar a poltronas almofadadas. Serão 300 lugares. O público também contará com ar-condicionado.

Lembranças

Nascida, criada e residente em Santa Luzia, a aposentada Maria do Carmo Oliveira, de 85 anos, lembra dos tempos áureos do imóvel. Dentre as apresentações que mais lhe marcaram está a de Orlando Silva, no fim da década de 1960. Segundo ela, o “Cantor das Multidões” fez um alerta na época. “Disse para nunca desmancharmos o teatro, que pertencia à nossa história”, recorda Maria do Carmo, conhecida na cidade como “Tia Preta”.

Moradora da rua Direita, no Centro Histórico, onde fica o sobrado, a fisioterapeuta Maria Inez de Castro, de 72 anos, comemora a revitalização, mas chama a atenção para a necessidade de uso consciente e contínuo. “Santa Luzia carece de cultura e esse é um espaço do público. Não pode ser uma obra só para preservar o imóvel. Peças teatrais e outras apresentações precisam ser permanentes”, afirma Inez.

Atual secretário de Cultura e Turismo, Carlinhos Novy garante que atividades serão rotineiras. Segundo ele, o objetivo é valorizar, principalmente, artistas e músicos locais. O espaço também deverá ser usado no aprendizado dos estudantes, por meio de aulas de educação patrimonial. “Nossa ideia é fazer uma parceria com a Secretaria de Educação para levar os alunos até o teatro. Lá, poderão ter aulas sobre a história de Santa Luzia”.

História

O sobrado de dois andares e 500 metros quadrados leva hoje o nome de Antônio Roberto de Almeida – ex-prefeito e homem de família tradicional.

A construção foi erguida na década de 1960 e abrigou o Teatro Trianon, em estilo elisabetano. Chegou a ser adaptada para abrigar um cinema, mas foi demolida na década seguinte. A última reforma ocorreu há mais de 30 anos.

O cronograma de atividades ainda está sendo planejado pela prefeitura; inauguração do teatro contará com entrega de comenda em homenagem ao aniversário da cidade e apresentações musicais.

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