Camelôs retornam ao hipercentro de BH oito meses após confrontos

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
04/04/2018 às 20:43.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:10
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Oito meses após os confrontos que marcaram a retirada dos camelôs do hipercentro de Belo Horizonte, a região volta, aos poucos, a ser tomada por ambulantes. Na rua São Paulo, em frente ao prédio da Galeria do Ouvidor, há vendedores atuando livremente na calçada, lado a lado com fiscais da prefeitura. 

O mesmo acontece nas ruas Carijós, Curitiba, Tamóios, Goitacazes e em diversos pontos da Praça 7. Em meio aos trabalhadores com deficiência física, que têm autorização para exercer a função, os camelôs simplesmente ignoram a proibição da atividade em vias públicas. 

Nas bancas, que disputam o espaço das calçadas com os pedestres, há de tudo um pouco. Óculos, chinelos, bolsas femininas, roupas íntimas, meias, acessórios para celulares, brinquedos e produtos eletrônicos dos mais variados. Lucas Prates / N/A

APERTADO – Na Praça 7, pedestres disputam espaço nas calçadas com os ambulantes que montam as barracas

A resistência em ir para as vagas disponibilizadas nos shoppings populares é motivada pela suposta queda de faturamento com a saída das ruas. Um vendedor de bolsas, que pediu para não ser identificado, alega que a maioria dos colegas que aceitou a proposta se arrependeu. 

“Tem gente que vendia até R$ 300 por dia na rua e, agora, não ganha nem R$ 50 dentro do shopping. A gente tem família e precisa trabalhar. Não dá para sair daqui do dia para noite”, relata. Lucas Prates / N/A

DE TUDO – Alguns camelôs vendem até frutas nas imediações da praça Rio Branco, próximo à rodoviária

Prejuízos

A disputa da clientela com as lojas físicas incomoda quem atua legalmente na região. Gerente comercial de uma loja especializada em lingeries, Lucinéia Martins afirma que a concorrência com os ambulantes que oferecem calcinhas e sutiãs é desleal e atrapalha as vendas. 

“Eles colocam a banca na porta da loja com um preço bem menor. Infelizmente, a fiscalização não dá conta de resolver o problema”, reclama. O presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte (AchBH), Flávio Fróes, ressalta que há ainda deficientes físicos que trabalham de fachada para camelôs que continuam usando as ruas da região como local de comércio.

Para ele, só com um trabalho coordenado entre as forças de segurança o problema pode ser resolvido. “Enquanto isso, a prefeitura acaba fazendo um trabalho de enxugar gelo”, critica.Lucas Prates / N/A

JUNTOS – Comerciantes da região reclamam da concorrência desleal por clientela

Fiscalização

Por nota, a Secretaria Municipal de Política Urbana informou que, desde julho do ano passado, tem intensificado as ações de fiscalização contra os camelôs no hipercentro da capital, o que já resultou na apreensão de cerca de 10 mil invólucros (espécie de pacote) de mercadorias irregulares.

O órgão informou que as operações ocorrem diariamente com fiscais, agentes de campo e Guarda Municipal, além do apoio da Polícia Militar, quando necessário. A pasta destacou que “o trabalho do fiscal é aplicar multa aos infratores e apreender mercadorias”. No entanto, a secretaria não comentou o flagrante de ambulantes atuando na rua São Paulo ao lado de fiscais.

Já a PM informou que, “em caso de necessidade de restauração da ordem pública, sempre atuará dentro das regras constitucionais”.

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