Comerciantes lamentam arrombamentos frequentes na Pampulha

Raquel Ramos e Renato Fonseca - Hoje em Dia
22/02/2016 às 06:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:31
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A violência é uma das principais reclamações de quem frequenta a orla da Lagoa da Pampulha ou vive próximo dela. Embora a Polícia Militar (PM) não forneça dados regionalizados, a comunidade tem as próprias estatísticas.

“Pelo menos uma vez na semana fico sabendo de um novo caso de assalto a pedestre na vizinhança”, afirma um morador da rua Carlos Sá, no bairro Jardim Atlântico, que pediu para não ser identificado. A criminalidade também assusta em volta da lagoa. Segundo ele, praticantes de corrida e ciclistas estão vulneráveis inclusive de manhã.

No bairro São Luiz, os casarões parecem blindados. Mas enquanto muros altos, câmeras e vigilantes mantêm os ladrões longe das residências, os comércios se tornam alvo de bandidos.

Três estabelecimentos foram arrombados na avenida Coronel José Dias Bicalho apenas na primeira semana de fevereiro, dois deles na madrugada do domingo de Carnaval. “Quebraram portas de madeira maciça, levaram o sistema de câmeras e um estoque de bebidas de alto valor. O prejuízo foi de R$ 20 mil”, calcula David Garangy, proprietário do um restaurante.

Por meio de um grupo de comerciantes criado no WhatsApp, ele soube que uma loja de outro quarteirão também foi arrombada na mesma noite. Na última segunda-feira, o alvo foi um salão de beleza. “Infelizmente, me sinto desassistido. Todas as vezes que precisamos da polícia, esperamos horas para receber apoio”.

Sem estrutura

Comandante da 15ª Companhia do 49º Batalhão da PM, o major Cláudio Silva afirma que todas as demandas recebidas pelo 190 são atendidas, por ordem de urgência. “Infelizmente, nem sempre temos viaturas disponíveis. Algumas vezes, os militares precisam interromper o patrulhamento para conduzir um suspeito”, admite.

Sobre a rua Carlos Sá, o major afirma que as vítimas precisam registrar boletim de ocorrência, mesmo que o prejuízo não tenha sido alto. “Se as pessoas ignoram o BO, os casos ficam subnotificados e não temos como aumentar a vigilância no local”.

Difícil deslocamento de carro em vias com pouca estrutura

Por quatro dos seis principais corredores de trânsito da Pampulha trafegam mais de 200 mil veículos por dia. Com tantos carros na pista, pequenos deslocamentos podem ser sinônimo de dor de cabeça para quem vive ou trabalha na região.

A avenida Antônio Carlos é a mais movimentada: em média, 80 mil automóveis passam por ela diariamente, de acordo com a BHTrans. Embora o corredor tenha recebido diversas melhorias nos últimos anos, como alargamento de pistas, construção de viadutos e implementação do Move, nada foi capaz evitar os congestionamentos nos horários de pico.

A situação da avenida Portugal é ainda mais crítica. Na maior parte da via há apenas uma faixa em cada sentido para os 30 mil carros que passam pelo local todos os dias.

Reflexos

Os problemas no trânsito, na avaliação do coordenador do curso de engenharia de transporte do Cefet, Guilherme de Castro Leiva, são reflexos do rápido crescimento da Pampulha, bem como do vetor Norte da capital. “Essas regiões receberam investimentos e atraíram novos moradores, mas esse processo não foi acompanhado por obras de infraestrutura”, destaca.

No entanto, segundo o especialista, novas intervenções para alargar as pistas não resolveriam o problema. Como a frota de carros continua aumentando, o trabalho se perderia em poucos anos, segundo ele.

“A alternativa agora é o transporte público, que precisa de melhorias. Se existissem estacionamentos próximos à estação da Pampulha, algumas pessoas poderiam animar a fazer metade do trajeto de carro, metade de ônibus”, exemplifica.

Além disso

A prostituição na orla ou em ruas próximas à Lagoa da Pampulha aumentou nos últimos anos. Hoje, as profissionais do sexo são facilmente encontradas em plena luz do dia. Segundo o major Claudio Silva, comandante da 15ª Companhia do 49º Batalhão da Polícia Militar, parte das mulheres costumava ficar na avenida Augusto de Lima, no Barro Preto (Centro-Sul). No entanto, migrou para a Pampulha, onde consegue arrecadar até três vezes mais pelo programa.

“O problema é que, geralmente, a presença de prostitutas acaba refletindo no aumento de delitos, como o uso de drogas”, avalia o major. O trabalho da PM consiste em alertar as mulheres sobre o risco do trabalho. “Pedimos, por exemplo, que evitem ficar muito tempo no carro, porque ficam vulneráveis a assaltos”.

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