Metade dos municípios mineiros não oferece ambientes que favoreçam qualidade de vida aos idosos

Letícia Alves - Hoje em Dia
27/11/2014 às 07:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:11
 (FREDERICO HAIKAL)

(FREDERICO HAIKAL)

Em cerca de 50% dos 853 municípios mineiros, o ambiente é pouco favorável para as pessoas com mais de 60 anos. Segundo o Índice de Condição de Vida para os Idosos (ICVI), lançado nessa quarta-feita (26) em Belo Horizonte, em 415 cidades a situação varia de regular a péssima. O indicador, que vai de 0 a 1, leva em consideração renda, educação, demografia, acesso a moradia e saúde e os direitos de quem está na terceira idade. Nessas localidades, a “nota” ficou entre 0,21 e 0,54.   Boa parte dos municípios “reprovados”, de acordo com o levantamento, fica na porção Norte do Estado, onde estão regiões como os vales do Jequitinhonha e do Mucuri. Já na porção Sul, englobando, por exemplo, o Triângulo Mineiro, a região Central e a Zona da Mata, a variação está entre 0,54 e 0,83, ou seja, entre “boa” e “excelente”.   O ICVI, realizado pelo Observatório Mineiro da Pessoa Idosa, parceria entre PUC Minas e Assembleia Legislativa, não divulgou dados separados por município, exceto o de BH (0,76), considerado excelente.   De acordo com a coordenadora do Observatório, Karina Junqueira, o objetivo não foi fazer um ranking das cidades, mas, sim, mostrar a realidade de cada uma, o que servirá de base para o planejamento de políticas públicas. “Fizemos um retrato da realidade mineira para visualizarmos como estão vivendo os idosos. Existe uma ideia de que a condição das pessoas idosas está ligada apenas à saúde, mas há muitos outros fatores envolvidos”, frisou.    O mapa traçado revela uma relação do índice com outros indicadores, como renda e habitação. A gerente de acompanhamento e avaliação de políticas públicas da Assembleia, Regina Magalhães, revelou que isso já era esperado e destacou as disparidades entre as regiões mais próximas ao semiárido mineiro com as do Sul do Estado. “As cidades com melhor qualidade de vida para a população são as que apresentam melhor situação para o idoso. Esses dados poderão servir para o governo direcionar ações para as áreas mais problemáticas”, apontou.   Gargalo   Para o coordenador do Movimento Pró-idoso, Carlos Alberto dos Passos, mesmo com o bom resultado do índice na capital, o grande problema na cidade continua sendo a saúde. “Queremos um tratamento digno. Os medicamentos continuam caros e o atendimento fica a desejar. Também faltam informações. Quando o idoso é bem informado, ele procura o atendimento adequado”, observou.  Karina Junqueira reforçou que a saúde foi o grande gargalo para o levantamento do índice. “Nem todos os municípios fazem registros como, por exemplo, as internações por doenças que poderiam ser tratadas nas unidades de saúde. Esse foi um dos dados que muitos municípios não tinham e, por isso, não foi utilizado para compor o indicador”. Os demais dados levaram em consideração o Censo de 2010.    Espaço para atividade física e muito bate-papo   Engana-se quem pensa que casas de convivência para idosos são apenas os famosos asilos, onde eles moram e só saem para passeios. No bairro Cidade Jardim, zona Sul de BH, um espaço de luxo reúne, diariamente, pessoas com idade superior aos 60 anos que vão para lá praticar atividades físicas e bater papo. Ao fim do dia, elas voltam para o aconchego do lar, ao lado da família. Os que não têm com quem ficar em virtude da viagem de um parente podem passar temporadas no local.   A ideia é que no Exclusive Idade, inaugurado há três meses, os frequentadores – a maioria mulheres – se movimentem e tenham melhor qualidade de vida. Fundadora do espaço, Sirlene Josefa da Silva Arantes explica que o objetivo da casa é oferecer saúde, afeto e lazer. “O público feminino está crescendo e muitas vezes fica doente pela falta de atividade física e convívio social”, frisou.   Que o diga Maria Glória Barbosa da Silva, de 82 anos. Ela foi uma das primeiras clientes e, duas vezes por semana, pratica pilates, faz terapia ocupacional e conversa com as amigas.   A idosa conta que, antes de conhecer o local, frequentemente se esquecia de detalhes do dia a dia. “A mente estava muito ruim e tinha dificuldades para andar e abaixar. Agora eu melhorei muito. Renovei uns dez anos”, comemora.   Já para Dyla de Araújo Nunes, de 94 anos, o importante mesmo foi ampliar a convivência social. “É uma maravilha! A gente encontra as amigas, conversa bastante”. Além da terapia ocupacional e do pilates, ela não dispensa as sessões de massagem.    Para tanta regalia, porém, os valores são altos. Um dia na casa custa R$ 250, incluindo, por exemplo, cinco refeições e atividades físicas. Para quem opta pelo mês inteiro, com permanência de 7h às 19h, em cinco dias da semana, o valor ultrapassa os R$ 3 mil. Também é possível arcar apenas com os exercícios físicos.   O imóvel de mil metros quadrados tem três andares, com quartos para descanso, refeitório e sala para exibição de filmes. As refeições para os idosos são balanceadas.    A expectativa é a de que a casa passe a oferecer hospedagem de longa permanência a partir de janeiro.    Índice de Condição de Vida   0,21 a 0,38 Péssimo 0,38 a 0,47 Ruim 0,47 a 0,54 Regular 0,54 a 0,62 Bom 0,62 a 0,83 Excelente

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