Para burlar fiscalização, ambulantes usam WhatsApp e pessoas com deficiência

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
14/07/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:33
 (Fernanda Carvalho)

(Fernanda Carvalho)

Camelôs que não aceitam sair das calçadas do hipercentro de Belo Horizonte têm adotado estratégias para burlar a fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

As ações incluem "olheiros" em esquinas, grupo de WhatsApp e até o uso de pessoas com deficiência, que têm liberação para trabalhar na região.

Há 11 dias, a PBH proibiu a presença dos toreros. Agora, quando os fiscais avançam em uma determinada rua, os ambulantes trocam mensagens pelo celular. Após o aviso, eles recolhem a mercadoria.Lucas Prates / N/A

Comércio sem constrangimento na rua dos Guaranis

Ao sinal de dispersão dos agentes, o comércio irregular é retomado. Já a associação com deficientes acontece de formas variadas. Algumas, sem o menor constrangimento e, outras, com mais cautela.

A reportagem do Hoje em Dia esteve ontem no hipercentro e flagrou uma dessas artimanhas.

Em uma banca improvisada com armação de madeira, na rua dos Carijós, um homem vendia brinquedos ao lado de uma cadeirante. 

Em vários outros pontos, mesmo sem contar com a ajuda de pessoas com deficiência, os ambulantes comercializavam mercadorias livremente.

Exemplos que comprovam como o comércio voltou com força foram vistos nas ruas Curitiba, Tupinambás e Guarani, além das avenidas Augusto de Lima e Olegário Maciel. 

Segundo um dos camelôs, mesmo diante das ações de fiscalização, alguns vendedores estariam satisfeitos “já que a concorrência diminuiu e os lucros têm aumentado”.

Prazo prorrogado

O imbróglio com os camelôs começou no dia 3. A PBH iniciou uma grande operação para impedir o comércio irregular no hipercentro.

Na primeira semana, houve protestos e confrontos com a PM. Quatro dias depois, a administração municipal realizou sorteio para alocar os vendedores em dois shopping populares.

Foram sorteados 1.134 ambulantes, mas até o fim da tarde de ontem apenas 335 tinham confirmado interesse. Em função disso, a PBH prorrogou o prazo para o dia 25. A proposta enfrenta forte oposição. Lucas Prates / N/AVendedor oferece produtos na Augusto de Lima

“Ir para o shopping significa dar dinheiro para o dono do shopping. Não deu certo no passado, e não vai dar certo agora”, criticou um dos líderes das manifestações da semana passada, André Luiz Altair.

Vigilância

A Secretaria Municipal de Regulação Urbana (SMRU) informou que está cadastrando e conversando com todos os ambulantes que são deficientes para instruí-los sobre o que é permitido, de acordo com uma norma municipal.

A assessoria de imprensa da SMRU explicou que, nesta semana, começaram os trabalhos de orientação, mas que, caso as pessoas continuem a desrespeitar a determinação, as mercadorias serão apreendidas.

A secretaria informou, ainda, que mantém uma equipe de 400 agentes no Centro, entre fiscais e guardas municipais.

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