Rodoviários suspeitam que defeito de fabricação tenha causado incêndios em Move

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
21/09/2016 às 07:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:55
 (Reprodução/ WhatsApp)

(Reprodução/ WhatsApp)

O segundo ônibus do Move de Belo Horizonte incendiado em pouco mais de dois anos dispara o alerta sobre a segurança dos passageiros e de quem trabalha diariamente no sistema de transporte. Como nas duas ocasiões não foi possível identificar de imediato o que gerou o fogo, os rodoviários suspeitam de algum defeito de fábrica dos veículos.

Ao contrário de batidas e atropelamentos registrados desde que o Move da capital entrou em funcionamento, por sorte não houve vítimas no incêndio ocorrido ontem com o coletivo da linha 68 nem com o da 61 consumido pelas chamas em junho de 2014, ambos na região da Pampulha. Em relação ao mais recente, os peritos têm 30 dias para concluir o inquérito. Mas até hoje não foi divulgada a causa do primeiro incidente.
 Reprodução/ Rede Globo

30 de junho de 2014: Ônibus da linha 61 do Move pegou fogo no bairro Itapuã, região da Pampulha, assustando quem passava pela avenida Pedro I. Não houve feridos.


“Conversamos com o motorista e ele só soube dizer que o fogo começou no meio do coletivo. Vamos aguardar o relatório pericial. Se for constatado defeito de fábrica, solicitaremos que todos os ônibus do Move sejam inspecionados em BH”, afirma Denilson Dorneles, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Belo Horizonte e Região Metropolitana (STTRBH).
 Samuel Costa/ Arquivo HD

30 de julho de 2014: Renault Duster invade a contramão e bate de frente em umônibus do Move no viaduto da Lagoinha, no Centro. A motorista do carro ficou ferida.


Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), a perícia foi solicitada aos fabricantes Mercedez Benz e Marcopolo e será acompanhada por técnicos da BHTrans. A entidade informa que, “em princípio”, o incêndio não foi criminoso.

Frota nova
O Setra-BH ressalta que a frota do sistema Move tem idade média de 2,5 anos. O tempo de circulação dos ônibus é muito curto para que tenha ocorrido algum desgaste de componentes elétricos, na avaliação do engenheiro civil Márcio Aguiar, mestre em transportes e coordenador dos cursos de engenharia da Universidade Fumec.
 Samuel Costa/ Arquivo HD

2 de setembro de 2014: Desgovernado, um ônibus do Move arrastou 13 veículos por cerca de 200 metros na avenida Alfredo Balena, no bairro Santa Efigênia, deixando pelo menos oito feridos.


Defeitos de fábrica, no entanto, não podem ser descartados, segundo o especialista. “A frota é muito nova. São veículos que podem rodar até cinco anos sem apresentar desgastes consideráveis, oferecendo todo conforto aos passageiros”, diz.
 Carlos Henrique/ Arquivo HD

21 de janeiro de 2016: A batida entre dois ônibus, sendo um do Move, deixou dois idosos mortos e ao menos 14 pessoas feridas na avenida dos Andradas, próximo à Contorno, no Centro.


A BHTrans não informou se foi apontada a causa do incêndio com o Move em 2014. Sobre o ocorrido ontem, afirmou, por meio de nota, que aguarda o resultado da perícia e que cobrou justificativas das concessionárias.
 Lucas Prates/ Arquivo HD

27 de junho de 2016: Engavetamento envolvendo três ônibus do Move deixou pelo menos 35 pessoas feridas. O acidente foi no bairro São Luiz, na região da Pampulha.


“Caso se verifique a necessidade de um recall, a BHTrans, no seu papel de gestora e fiscalizadora do sistema, irá cobrar das concessionárias que o procedimento seja realizado”, diz a nota.

Ônibus elétrico é mais seguro, mas esbarra no custo elevado
 Flávio Tavares – 22/12/2015

EXPERIÊNCIA – A BHTrans fez testes com ônibus elétricos, mas não há previsão de que eles sejam usados na capital


Para aumentar a segurança dos passageiros do Move, a alternativa é trocar os ônibus movidos a óleo diesel por elétricos. “Os elétricos não tem motor à explosão e, portanto, são mais seguros. Além disso, são mais confortáveis, silenciosos e ambientalmente corretos, porque não poluem”, aponta o engenheiro civil Márcio Aguiar, mestre em transportes.

50 mil passageiros são transportados diariamente pelo sistema Move de BH em 205 ônibus articulados e 200 convencionais


O principal obstáculo, segundo o especialista, é o custo mais elevado. “É uma tecnologia mais cara, que impactaria na tarifa”, diz. Ônibus elétricos do Move foram testados pela BHTrans no final de 2015. No entanto, não há previsão de que eles sejam inseridos no sistema.

Vistorias
Para garantir a segurança, a BHTrans faz vistorias periódicas nos veículos. Foram 4.476 de janeiro a julho deste ano, média de 639 por mês.

“Além das checagens programadas, a empresa faz, de forma aleatória, vistorias eventuais nas garagens e nos pontos finais das empresas de ônibus”, informa, por meio de nota, a empresa que gerencia o trânsito de BH.

Segundo a nota, a periodicidade das inspeções são intensificadas à medida que a frota vai envelhecendo. “Cabem às operadoras, fazer trabalhos de manutenção preventiva e corretiva em seus veículos”, destaca.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por