Operação de combate à pedofilia lança alerta para exposição de crianças na internet

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
20/10/2017 às 21:12.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:19
 (Ministério da Justiça/Divulgação)

(Ministério da Justiça/Divulgação)

A prisão de pelos menos 108 pessoas no país, nove delas em Minas, suspeitas de pedofilia lança um alerta às famílias. A exposição de crianças à revelia na internet alimenta a disseminação de pornografia infantil nos ambientes mais obscuros da rede virtual. Mega-operação deflagrada nessa sexta-feira pelo Ministério da Justiça, com apoio das polícias civis, apreendeu farto material em 24 estados e no Distrito Federal.

“Esses criminosos, muitos de classe média, acham que não serão descobertos por estarem atrás de uma tela de computador. Mas a polícia tem utilizado tecnologias avançadas para identificá-los”, frisa a delegada Iara França Camargos, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) de Belo Horizonte. 

Em Minas, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão na capital, Ribeirão das Neves (Grande BH), Guaxupé e Boa Esperança (Sul), Uberlândia (Triângulo), Juiz de Fora (Zona da Mata), Itabira e Sete Lagoas (região Central) e Ipatinga (Leste). Os suspeitos que estavam com conteúdo pornográfico infantil na casa foram presos em flagrante.

178 mandados de de busca e apreensão foram cumpridos em todo o país; desses, 108 viraram prisão em flagrante por posse de material pornográfico

Perfil

Dos nove presos no Estado, três são de Belo Horizonte. Duas pessoas não foram encontradas e outras três ainda são investigadas. Entre os detidos estão suspeitos entre 18 e 65 anos das mais variadas profissões, como dentista, técnico de informática, professor e estudante. Apenas um deles já tinha ficha criminal por abuso sexual. De acordo com a Polícia Civil mineira, as apurações até o momento não indicam conexão entre eles.

O caso que mais chamou a atenção dos investigadores foi o de um suspeito preso no Barreiro, em BH. Segundo a delegada Iara, o homem, de 30 anos, não despertava a desconfiança da família. “Tinha uma vida reclusa. O lazer dele se resumia a consumir esse conteúdo impróprio na internet, não tinha vida social nem se envolvia com os colegas da faculdade. Foi um grande choque para os pais”.

Na residência, o jovem instalou uma fechadura eletrônica na porta do quarto, para dificultar o acesso ao ambiente. “O cômodo era o mundo dele. Quando conseguimos entrar no computador, já saltou aos olhos uma quantidade imensa de material pornográfico infantil”, contou Iara. Mais de mil imagens e vídeos impróprios foram apreendidos no imóvel.

Dificuldade

De acordo com o delegado Aloísio Daniel Fagundes, chefe da Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente, o material era compartilhado por meio de um dos níveis da rede virtual conhecida como “deepweb” ou “web escura”. Os criminosos se valem desse ambiente por ser mais difícil de serem rastreados.

Em época de exposição nas redes sociais, a delegada Iara França faz um alerta. “Não enviem fotos dos filhos em momentos íntimos, como tomando banho. Essas imagens podem ser usadas por pedófilos e até rodarem o mundo inteiro”.

Operação

Cerca de 1,1 mil policiais civis participaram da operação “Luz na Infância” em todo o Brasil. Segundo o Ministério da Justiça, essa foi uma das maiores ações na área já realizadas no mundo. As investigações continuam e mais pessoas podem ser presas.

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