Crianças e adolescentes podem atualizar, a partir de hoje, vacinas atrasadas

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
16/09/2016 às 22:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Mãe dos pequenos Pedro, de 2 anos e 9 meses, e do recém-nascido Benjamin, de dois meses, Rebeca Dias confessa: acaba se perdendo na hora de lembrar quais são as próximas vacinas que os filhos devem tomar. Além disso, outro ponto que dificulta colocar a proteção em dia, segundo ela, é que o posto de saúde do bairro onde mora, o Fernão Dias, na região Nordeste de Belo Horizonte, aplica as doses seguindo um calendário diário, ou seja, para a aplicação de cada uma há um dia determinado. “Você pode esquecer com muita facilidade”, comenta.

Para resolver o problema, a jovem vai participar da Campanha Nacional de Multivacinação, que começa hoje em todo o país. Até o próximo dia 30, crianças e adolescentes que estejam com a proteção atrasada poderão ser vacinados com 14 tipos de imunizações já disponíveis na rede pública.

Para participar da ação, basta levar o cartão de vacinação ao posto dentro do período da campanha. Quem não tiver o documento também poderá receber as doses. Nesse caso, será preciso preencher um formulário de histórico vacinal e reiniciar o ciclo. No próximo sábado será realizado o Dia D, uma grande mobilização chamando para a imunização em massa.

Novidade

Pela primeira vez, a campanha nacional também vai focar nos adolescentes. De acordo com o Ministério da Saúde, doses importantes para essa faixa etária, como hepatite B, febre amarela e a tríplice viral, serão administradas. A iniciativa, na avaliação da presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, é um avanço no planejamento do governo federal. 

“Por experiências em outros países, sabemos que é muito difícil mobilizar esse grupo, que não está culturalmente habituado a frequentar uma sala de vacinação. É difícil o adolescente sozinho deixar suas atividades do dia a dia para se vacinar. Mas quando você faz um chamado ostensivo é possível perceber o aumento das coberturas nessa faixa etária”, observa a médica.

No caso das meninas abaixo de 15 anos, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) espera ampliar a aplicação da segunda dose da vacina contra o HPV. “Estamos lançando um chamado geral, através de campanhas de rádio, pedindo que as adolescentes tomem o reforço. Uma mulher brasileira morre a cada três horas por câncer de colo de útero. A vacina é uma prevenção importante”, frisa José Geraldo Ribeiro, médico epidemiologista da Coordenação de Imunização da SES.

Mudança

Ele ainda destaca que, na edição da campanha deste ano, a proteção contra a poliomielite será bivalente, ou seja, cobrirá dois tipos da doença – uma a menos como era anteriormente.

“A poliomielite tipo 2 foi erradicada e desde 1999 não se registram mais casos. Por causa disso, desde março deste ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a suspensão da vacina para os três tipos. É a primeira vez que a vacina, que protege contra os tipos 1 e 3, será administrada nas crianças”, informou.

Informações falsas atrapalham a erradicação de doenças

O Programa Nacional de Imunizações desenvolvido no país é considerado por especialistas como essencial na eliminação de doenças, como a poliomielite. O acesso à informação, inclusive, é primordial para a participação da população e a continuidade dos trabalhos das autoridades de saúde, de acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai.

“O médico brasileiro hoje nunca viu o que é uma enfermaria lotada de crianças com sarampo ou varíola. Controlamos e eliminamos a paralisia. É um grande avanço se comparado com países mais desenvolvidos, como na Europa e nos Estados Unidos, e precisa do apoio da população para continuar”, avalia. 

Para a médica, no entanto, boatos espalhados por meio das redes sociais, por exemplo, prejudicam o andamento dos trabalhos. Dessa forma, Isabella afirma que o acesso aos imunizantes fica comprometido quando essas informações falsas começam a circular. “No caso da vacina contra o HPV, por exemplo, os profissionais da saúde ouviram casos absurdos de que a proteção poderia matar crianças. Antes de serem disponibilizadas, as doses passam por testagens rigorosas e são todas aprovadas pela OMS”, frisou.

Em Minas Gerais, no fim do ano passado uma ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, chegou a pedir a suspensão da vacina contra o vírus que provoca o câncer de colo de útero, um dos tumores que mais matam mulheres no mundo.

O órgão alegou dúvidas quanto à segurança e eficiência da proteção, aplicada gratuitamente na rede pública. O pedido, no entanto, não foi acatado pela Justiça brasileira.

Inclusive, quem não tomou as doses com medo de reações adversas poderá procurar um posto de vacinação para atualizar o cartão de imunização.
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