Cunhado de Hickmann mantém tese de legítima defesa, mas promotoria pede pena de até 20 anos

Da Redação
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18/12/2017 às 12:32.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:19
 (Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

(Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

O cunhado da apresentadora de TV e modelo Ana Hickmann, Gustavo Henrique Bello Correa, prestou depoimento à Justiça mineira nesta segunda-feira (18) e voltou a afirmar que agiu em legítima defesa ao matar com três tiros Rodrigo de Pádua, que invadiu o quarto de Hickmann com um revólver. A versão, porém, foi refutada pelo promotor Francisco Santiago, que pede que o réu vá a júri popular pelo crime. O representante do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) defende que Gustavo seja condenado por homicídio doloso - quando há a intenção de matar. Neste caso, a pena varia de 6 a 20 anos de prisão. 

Ao fim da sessão, que ocorreu no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, o empresário declarou que entrou em luta corporal com Rodrigo depois que o fã da apresentadora apontou uma arma, ameaçou atirar em Ana Hickmann e em outras pessoas que estavam no quarto. Gustavo garantiu que disparou três vezes porque o dedo já estava engatilhado. "Faria tudo de novo porque não tinha opção (...). Antes a vida dele do que a minha", disse. 

O advogado do empresário, Fernando José da Costa, informou que os tiros ocorreram de forma sequencial, o que comprovaria que seu cliente agiu em legítima defesa. "Temos certeza que a juíza não levará o caso a júri popular", acredita. Apesar ds alegações, o MP continua a defender que a morte poderia ter sido evitada, uma vez que o invasor estava rendido e imobilizado.

O irmão de Rodrigo, Helisson Augusto de Pádua, também prestou depoimento e falou sobre a personalidade do irmão. “Não estou justificando a forma como ele chegou e o que aconteceu. Mas uma coisa não justifica a outra. Os áudios [que constam no inquérito] mostram que ele fala claramente: ‘eu não vou matar ninguém. Eu não sou assassino’. Meu irmão nunca brigou. Nunca levou uma briga para dentro de casa”, disse Helisson. 

"Até hoje todo mundo vê meu irmão como bandido, mas ninguém sabe o que ele é realmente. (...) Acredito que meu irmão poderia estar vivo", desabafou. O irmão disse que Rodrigo era estudioso e tinha um negócio de doces há cinco anos. Ele pretendia estudar medicina e era um rapaz tranquilo e amoroso com a família.

Cunhado de Ana Hickmann afirma legítima defesa; veja o vídeo 
 


​Audiência

Além de Gustavo, outras duas testemunhas foram ouvidas pela juíza Amâlin Aziz Sant´Ana, sumariante do 2º Tribunal do Júri de BH. Helisson e uma perita contratada pela família de Ana Hickmann prestaram depoimento. Uma terceira pessoa foi ouvida por meio de carta precatória, mas o texto ainda não foi anexado ao processo.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas, a magistrada irá analisar todo o processo e só depois definirá o prazo para as alegações finais da defesa e da acusação. Somente após o trâmite é que a juíza irá definir se o réu será inocentado do crime ou irá a júri popular.

Como o tribunal entra em férias forense a partir de quarta-feira (20), não há previsão de quando a decisão será tomada. O certo é que o desfecho será conhecido somente no ano que vem. 

Na primeira audiência sobre o caso, ocorrida em 20 de outubro, foram ouvidos a apresentadora Ana Hickman, a assessora Giovana Oliveira (esposa de Gustavo), a mãe do réu e o cabeleireiro Júlio Figueiredo. Gustavo acompanhou a sessão.

Relembre

Rodrigo de Pádua morreu após invadir o hotel em que Ana Hickmann estava hospedada na capital, em maio de 2016. O jovem de 30 anos era de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e indicava nutrir uma obsessão pela apresentadora.

No quarto em que a modelo estava, Pádua rendeu o empresário Gustavo Correa e a mulher dele, a assessora Giovana Oliveira. Armado, ameaçou atirar nas vítimas, momento em que o empresário teria lutado com o rapaz, tomado a arma dele e atirado. Giovana acabou ferida. O homem morreu com três tiros na nuca. A apresentadora Ana Hickmann não teve ferimentos.

Na época, a Polícia Civil concluiu no inquérito que foi legítima defesa. Mas o MP questionou a tese. Para a promotoria, os tiros na nuca de Rodrigo Pádua evidenciam que o homem já estaria dominado e que os disparos poderiam ter sido evitados. A promotoria então ofereceu denúncia à Justiça como homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar.

Em julho deste ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o pedido de arquivamento do processo contra Gustavo Henrique Bello Correa.

Para esse tipo de crime, a pena pode chegar até 20 de prisão, mas pode ser reduzida caso seja comprovado que ele agiu sob forte emoção.

Nas redes sociais, Rodrigo Pádua nutria um amor obsessivo pela apresentadora.

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