De 7 às 7 na Praça 7: coração a todo vapor nos 119 anos de BH

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
11/12/2016 às 22:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:02

O relógio marca 7 e pouco da manhã e o procurador de Justiça aposentado Humberto Lisboa, de 83 anos, chega à Praça 7. É o local que ele escolheu há mais de três décadas para tomar café da manhã. “Gosto daqui porque é o principal ponto de comunhão das pessoas em Belo Horizonte”, diz.

Por dia, mais de 1,5 milhão de pessoas passam pelo coração da capital, que hoje comemora 119 anos. Na última segunda-feira, o Hoje em Dia permaneceu das 7h às 19h na Praça 7 acompanhando a intensa movimentação de cores, sons e sentimentos. Nem a chuva diminui o frenético vaivém em um dos pontos mais tradicionais da cidade. Flávio TavaresNEGÓCIO – Mariana e Maria Cristina trocam roupas

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Gente como Miguel Pinto do Nascimento, de 84 anos. Ele passou a maior parte da vida trabalhando em duas extintas agências bancárias localizadas na Praça 7. Agora, aposentado, sai de casa todas as manhãs para bater papo com os amigos que fez nesta parte do Centro de BH, faça chuva ou faça sol. “É o lugar com o qual mais me identifico, não consigo ficar longe daqui”. 

É também de manhã que Lúcia Damasceno, de 58, inicia a limpeza nos quarteirões fechados em volta do Pirulito. “É um trabalho pesado, mas vale a pena zelar por um ponto tão famoso de BH”, destaca a gari.Flávio TavaresTRADIÇÃO – Ary Reis fez muitos amigos em torno do tabuleiro de damas

Antes do meio-dia, o aposentado Ary Reis, de 75, já está à espera de alguém para desafiar no tabuleiro de damas. “Estou aqui há 25 anos, quando parei de rodar com o táxi. Já fiz muitos amigos, é ótimo para distrair”, comemora.

Com habilidade, Simone Silva, de 44, circula por toda a praça em uma cadeira de rodas. “Gosto daqui porque dá para fazer tudo: comprar, pagar, passear, almoçar. Só está precisando tirar alguns buracos nos passeios”, aponta.

Em frente ao Cine Theatro Brasil, um grupo de amigas se reúne para trocar (ou vender entre elas) bolsas, sapatos e roupas. “É coisa nova ou usada. Combinamos previamente pelas redes sociais”, explica Maria Cristina de Rezende, de 53, ao mostrar um vestido para Mariana Fonseca, de 32.Flávio TavaresMOBILIDADE – Marcos de Souza ganha tempo com a bike

Se na Praça 7 se concentram todas as modas, ela virou o quintal da casa do elegante Davi, de apenas 1 ano. Usando acessórios estilo anos 1960, ele desfila acompanhado do pai orgulhoso.

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É exatamente das 7 às 19h que Gleinarde Moreira, de 53, trabalha em frente ao antigo prédio do Bemge, vendendo coloridos cadarços. “Comecei aos 9 anos, engraxando sapato. Como isso saiu de moda, me viro como posso nesses mais de 40 anos de Praça 7”.Flávio TavaresELEGÂNCIA – Davi mora no Centro de BH, onde gosta de passear com o pai

de distribuição do tráfego

A Praça 7 foi construída para ser a “vitrine da cidade” e é o principal ponto de referência urbana desde a inauguração da capital. A explicação é de Marcelo Cedro, professor do Departamento de História da PUC-Minas e autor do livro “Praça Sete, Pampulha e Savassi: Centralidades urbanas e modernidade periférica na Cidade de Belo Horizonte”. 

“A Praça 7 sempre foi local do encontro, da sociabilidade, do dinamismo da vida moderna, espaço para lazer, cultura, dos cafés, instituições financeiras e lojas de todos os tipos. Permanece como destaque, tanto que é o ponto escolhido pelos movimentos sociais e para manifestações”, diz.

Também se destaca na distribuição do tráfego, por estar localizada no cruzamento de duas das mais importantes avenidas de BH (Afonso Pena e Amazonas). “É por isso que qualquer interdição na Praça 7 reflete no trânsito de toda a área central da cidade”, aponta o engenheiro civil Márcio Aguiar, mestre em transportes e coordenador dos cursos de engenharia da Universidade Fumec. 

Há dez anos, Marcos de Souza, de 35, usa a bicicleta para trabalhar na Praça 7, transportando documentos. “Ganho tempo, é muito mais fácil do que andar de carro. Mas, às vezes, falta respeito. Já fui atropelado”.

Apesar do trânsito pesado, é o ponto escolhido pelo taxista Eduardo Vitor, de 59. “Tenho que ficar onde há mais passageiros”.

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