Decisão sobre o planejamento urbano é peça-chave para crescimento de Belo Horizonte

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
09/12/2017 às 15:08.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:09
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Em 120 anos de história, que serão completados amanhã, Belo Horizonte colecionou méritos suficientes para se orgulhar de estar entre as capitais mais importantes do país. Mas são as portas para o futuro que estão cada vez mais escancaradas diante do município. As escolhas envolvendo a organização do espaço urbano irão desenhar o modelo de cidade em que viverão as próximas e as recém-chegadas gerações, o que torna ainda mais decisivo o momento atual.

Cada vez mais populosa, a metrópole deve ultrapassar a barreira dos 2,5 milhões de habitantes em 2017, segundo o IBGE. Uma marca que evidencia a necessidade de um planejamento cuidadoso no campo da mobilidade, da expansão urbana e dos serviços essenciais à população. Isso sem falar na integração cada vez mais forte com municípios vizinhos. Hoje, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é a terceira maior do país, com quase 6 milhões de pessoas, o que influencia diretamente no planejamento.

Para o urbanista Sérgio Myssior, a Grande BH tende a ser alvo de investimento direto nos próximos anos. Principalmente porque o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI-RMBH) pretende focar novas centralidades. Dentre os caminhos possíveis apontados pelo arquiteto estão o Vetor Sul, em municípios como Nova Lima e Itabirito, o Vetor Norte, nas cidades entre BH e o Aeroporto de Confins e, ainda, o Vetor Oeste, que engloba, por exemplo, Betim e Contagem.

Adensamento

Myssior destaca, ainda, que embora a capital já apresente áreas bastante adensadas, especialmente na região Centro-Sul, cerca de 75% da cidade ainda tem baixa densidade, com imóveis de apenas um ou dois pavimentos. 

Por esse motivo, explica o urbanista, locais subutilizados que receberem investimentos deverão se desenvolver com mais força. “É o caso das regiões Norte e Nordeste, incluindo a área do Izidora e Capitão Eduardo, além da Leste, da avenida dos Andradas até Sabará”, afirma.

Desafio

Redefinir os locais para onde o município vai crescer, no entanto, não é tarefa fácil. Mais do que isso, é considerado pelos órgãos competentes como um dos maiores desafios no campo urbanístico em BH. A subsecretária de Planejamento Urbano da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Izabel Dias, explica que conduzir o processo de substituição das edificações horizontais por prédios será uma missão trabalhosa. 

Segundo ela, é necessário garantir que esse processo aconteça de forma sustentável. O adensamento também precisa ser levado para áreas que já tenham infraestrutura de transporte funcionando. “Outro desafio é como incluir a população de baixa renda em áreas bem localizadas da cidade. Utilizar imóveis ociosos no hipercentro para criar moradias de interesse social está dentro dessa estratégia”, diz Izabel Dias.Lucas Prates

Redefinir as áreas para onde a capital vai crescer é um dos maiores desafios

 Índice de Desenvolvimento Humano reforça potencial de evolução para os próximos anos

Capacidade para se tornar uma cidade modelo BH tem de sobra. Prova disso é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que cresceu 35% de 1991 até 2010 e está, hoje, entre os cinco mais altos do país no ranking das capitais. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Temos uma riqueza incrível, a arquitetura, a Pampulha como Patrimônio da Humanidade, os parques, as histórias e as pessoas. Isso nos possibilita criar soluções para todos os problemas”, diz Sérgio Myssior.

A fórmula exata ainda não foi descoberta, mas as respostas para a maioria dos problemas estão na aprovação do Plano Diretor. É o que afirma a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Rose Guedes. Para ela, o documento que aguarda votação na Câmara Municipal vai permitir transformar BH em uma cidade “mais gentil”. “Não é possível vivermos mais 120 anos dessa maneira. Se não definirmos metas de qualificação do espaço compartilhado, será difícil. Precisamos pensar numa cidade mais para pessoas do que para carros”, avalia Rose. 

As medidas práticas para a mudança já estão em curso. Quem garante é a subsecretária de Planejamento Urbano da capital, Izabel Dias. Ela explica que há estratégias direcionadas para melhorar as calçadas e áreas que terão velocidade reduzida para veículos. “Projetos semelhantes estão sendo pensados para o Barreiro e Venda Nova, que são outras duas centralidades com problemas semelhantes”.Editoria de Arte

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