Delegado marca depoimentos de funcionários da parada de ônibus e da suposta vítima de racismo

Liziane Lopes e Cinthya Oliveira
portal@hojeemdia.com.br
29/06/2017 às 19:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:19
 (Facebook/Reprodução)

(Facebook/Reprodução)

Está marcado para esta sexta-feira (30) o depoimento dos funcionários da parada de ônibus do Graal, na cidade de Perdões, no Sul de Minas, onde a estudante Jamille Edaes, de 22 anos, afirma ter sofrido racismo, além de dizer que a filha, de 1 ano, quase foi sequestrada na última segunda-feira (26) no local. 

. Segundo ele, Jamile Edaes será ouvida na próxima quarta-feira (5).

Ainda conforme o delegado, e como já havia sido adiantado pelo Hoje em Dia, análises preliminares das imagens das câmeras de segurança não confirmam as informações passadas por Jamile no próprio boletim de ocorrência. No documento, a jovem conta que, durante a parada no posto, foi ao banheiro com a filha de um ano para trocar a fralda da menina, quando uma mulher teria pegado a criança dizendo que era a mãe.

Nesse momento, Jamile teria tentado impedir a mulher de sair com a garota, mas uma funcionária do posto teria chegado ao local e colocado a criança no colo da suposta sequestradora, alegando que a criança branca não poderia ser filha de Jamile que era negra, segundo o relato da estudante à polícia.

Jamile disse ainda que ficou desesperada e que apareceram diversos funcionários no local. A mulher então teria retirado uma certidão falsa da bolsa, alegando ser a mãe da criança. Mas Jamile teria mostrado documentos e fotos que conseguiram comprovar sua materniade.

O delegado Marcelo Vilela afirma que, em nenhum momento, as imagens mostram Jamile indo ao banheiro e que exames vão ser feitos no material. "As imagens de monitoramento foram encaminhadas para exame pericial e um laudo agora deve apontar se elas foram adulteradas de alguma forma", explica. 

foram entregues para a Polícia Civil duas horas de gravações das câmeras de segurança - são 16 no total - para comprovar que não houve edição sobre os 20 minutos em que Jamille esteve no local, das 14h40 às 14h59. "As imagens mostram que ela anda pelo nosso self-service, demora para escolher o que comer, enquanto a criança brinca pelo local. Depois ela paga, sai e espera pelo ônibus na plataforma. Não há nenhuma imagem que mostre ela conversando com alguém", diz Vasconcelos, que garante que a jovem não foi ao banheiro.

O gerente disse ainda que, após a conclusão da investigação, o Graal deve acionar Jamille judicialmente. Especialmente porque, na manhã desta quinta-feira (29), a estudante esteve no programa "Fátima Bernardes", da Rede Globo, e afirmou ter sido alvo de racismo por parte de uma funcionária da parada de ônibus. "Vamos exigir uma retratação pública", afirma o gerente. 

Jamille e o marido, Roberto Edaes, foram procurados pela reportagem para comentar  as investigações, mas não atenderam aos telefones. Procurado no escritório, o advogado do casal também não atendeu às ligações.

Entenda o caso

No Facebook, Jamille relatou que a filha foi vítima de uma tentativa de sequestro durante uma viagem de ônibus na segunda-feira (26) entre São Paulo e Belo Horizonte. No Graal de Perdões, após ir com a filha até o banheiro, ela viu uma mulher pegar a menina pela mão, mas achou que fosse uma brincadeira. Quando Jamille chamou pela menina, a suposta sequestradora teria gritado que era a verdadeira mãe da criança e apresentado uma certidão de nascimento falsa, possivelmente de outra criança – o documento seria de uma menina chamada Jéssica, de 1 ano e 8 meses.

Jamille conta que teve de mostrar o documento de identidade da filha e fotos da família no Facebook para provar que era a verdadeira mãe da criança. “Corri, chorei, pedi a ajuda e todos falando: ela não é sua filha, ela é branca, ela não se parece com você. Pelo amor de Deus, como assim? Minha filha não é minha filha porque eu sou negra? O pai dela é branco e ela realmente se parece mais com ele que comigo. Me seguraram, quiseram me bater, falaram que eu estava sequestrando uma criança”, escreveu Jamille. Ela afirma ter chamado a polícia, mas o motorista do ônibus em que viajava teria dito que não iria esperar pelos militares para o registro do boletim de ocorrência porque tinha horário a cumprir. Mãe e filha seguiram viagem, enquanto a suposta sequestradora ficou em Perdões.

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