Dengue ameaça: possível circulação do tipo 2 da doença em BH preocupa prefeitura

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
28/12/2017 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:28
 (Lucas Prates / arquivo Hoje em Dia)

(Lucas Prates / arquivo Hoje em Dia)

Época de chuvas intensas e viagens de férias, o verão concentra os maiores picos de dengue em todo o país. Além da elevada quantidade de focos do Aedes aegypti em BH, outra ameaça preocupa: em 2018, há chance de proliferação do tipo 2 da doença. A incidência da cepa no Nordeste é significativa e belo-horizontinos em férias na região podem ser infectados e introduzirem o vírus na cidade.

A possibilidade dessa variável da dengue causar um surto na capital é potencial pelo fato de poucas pessoas estarem imunes a ela. Isso ocorre porque cada um dos quatro tipos de vírus da doença contamina a mesma pessoa apenas uma vez. Mas desde 2010 o subtipo 2 não circula em Belo Horizonte. 

“Muitos nasceram nesse período (de 2010 a 2017) e não têm imunidade. Há um contingente de pessoas suscetíveis e, se houver mosquito em altas densidades, há chances de infecção e transmissão”, explica o subsecretário de Promoção e Vigilância em Saúde do município, Fabiano Pimenta. 

Um surto aconteceu na capital em 2013, quando a dengue do tipo 4 chegou à cidade. O impacto foi tão grande que houve um salto de 585 casos em 2012 para 96.114 naquele ano. 

Disseminação

O tipo 2 da dengue avança pelo país. Em Goiás, por exemplo, depois de nove anos desaparecido, essa cepa do vírus voltou com tudo em 2017. Foram 185 casos confirmados até outubro deste ano, segundo dados da Secretaria de Saúde goiana.

Médico e membro da diretoria da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, lembra que a doença pode chegar a Minas Gerais porque, em janeiro, período de férias escolares, muitos viajam para a região Nordeste. 

“Nessa época do ano, as pessoas circulam muito pelo país e podem voltar para Minas portando o vírus. Isso pode favorecer uma introdução do tipo 2 onde ele não tem circulado, como em Belo Horizonte”, observa o infectologista. 

O especialista alerta que o tipo 2 tem chances de ser mais violento e virulento que os demais com infecções mais sérias e sintomas fortes. 

“Pode ser pior porque, naturalmente, quem já teve dengue dos outros tipos, caso seja reinfectado, já tem chances maiores de ter formas mais graves da doença”, explica.

Cuidados

A única forma de prevenção contra a doença é por meio do combate à proliferação do Aedes aegypti, vetor que também transmite a zika e a chikungunya.

No entanto, este ainda é o principal desafio do município para a redução de casos dessas doenças, destaca o secretário de Saúde de BH, Fabiano Pimenta. 

Em outubro, 87% das casas e dos apartamentos vistoriados por agentes de saúde na capital tinham larvas do mosquito.

Para reforçar a prevenção, a prefeitura lançou um aplicativo que permite o acompanhamento dos focos pelos moradores. A plataforma, chamada “BH sem mosquito”, apresenta uma lista de criadouros do vetor que devem ser checados semanalmente: latas de lixo, pratos de vasos de plantas, copos plásticos, pneus e outros espaços que acumulam água. 

O usuário pode baixá-lo gratuitamente e fazer o checklist da vistoria em casa. A plataforma avisa quando é hora de verificar novamente criadouros em potencial.

(Colaborou Tatiana Lagôa)

Além Disso

No período das chuvas, casas fechadas e lotes vazios, onde a água se acumula em diversos locais, são grandes focos de larvas do Aedes. 

De acordo com o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas Alves, em espaços abandonados, é preciso que os agentes de saúde façam entrada forçada para eliminar os criadouros. 

A média de chuvas esperada para janeiro é de 296,3 mm, segundo a Defesa Civil. No entanto, no último ano, a quantidade de água em Belo Horizonte ultrapassou os 400 mm. Como medida de prevenção ao aumento dos focos do vetor, o órgão irá designar agentes de saúde para acompanhá-los nas inundações. 

“Em visita aos casos mais graves de inundação, eles estarão lá para fornecer todas as informações e possíveis ações para que a dengue, a leptospirose e outras doenças potencializadas nas chuvas não se proliferem”, garante o coronel. 

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