Diploma do ensino médio é realidade só para 41% de mineiros com 25 anos ou mais

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
18/05/2018 às 19:49.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:55
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais não concluiu o ensino médio em Minas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são de 2017 e constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. O levantamento ainda revelam que, no Estado, os níveis estão piores do que a média nacional. 

No Brasil apenas 46,1% desse grupo conseguiu finalizar a educação básica obrigatória. Já em Minas, o percentual é 41,7%. Os motivos são variados e, de acordo com o IBGE, podem ter relação com a necessidade de trabalhar, cuidar dos filhos ou simplesmente o desinteresse. Para especialistas, a interrupção também pode estar ligada a reprovações sucessivas que levam ao abandono escolar. 

Foi justamente por ter “perdido a vontade” que o trabalhador da reciclagem Reinaldo Almeida, de 25 anos, alega ter largado os estudos ainda na 5ª série do ensino fundamental. Filho de um catador, o jovem morador de Ribeirão das Neves, na Grande BH, afirma que pretende retornar à sala de aula, mas não nesse momento. “Hoje, vejo que faz falta, mas, mesmo assim, não tenho muito ânimo para estudar. Um dia quero me formar no ensino médio, mas ainda não sei quando”. 

Desinteresse

Para professora da Faculdade de Educação da UFMG e membro do Grupo de Pesquisa em Desigualdades Escolares, Flávia Xavier, histórias como a de Reinaldo são mais comuns do que se imagina. Ela explica que a falta de motivação é uma característica presente na maioria dos casos de evasão escolar. 

A justificativa é o alto número de jovens com idade superior às séries que estão cursando. A consequência, explica a pesquisadora, é que muitos chegam ao ensino médio já desmotivados para concluir os estudos. “No primeiro ano dessa etapa de ensino há uma média de abandono de 10%. Isso reflete as estatísticas atuais”, avalia Flávia.<EM>

Para Luciano Mendes de Faria Filho, que também é professor da UFMG e membro do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, não há como avaliar a questão educacional sem levar em conta as sociais, como a desigualdade no país. 

Segundo ele, o ensino médio é o ponto onde “explodem” todos os problemas da educação básica. “Temos a falta de condições de trabalho dos professores e falhas de formação, sendo que, nessa fase, o jovem tem muito mais capacidade crítica. Então, há uma série de expectativas desses alunos que não são correspondidas”, diz. 

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que realiza diversas ações voltadas para a juventude e que busca reduzir a evasão escolar, principalmente no ensino médio. “A principal delas é a Virada Educação Minas Gerais”. O projeto propõe “um movimento de diálogo, aprofundamento e identificação de iniciativas exitosas e problemas a serem enfrentados para garantir educação de qualidade”.

Analfabetos

A pesquisa divulgada ontem pelo IBGE também mostrou que a taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais no Brasil caiu de 7,2% em 2016 para 7% em 2017. Em Minas, o percentual no ano passado era de 6%, o que corresponde a cerca de um milhão de pessoas que não sabe ler nem escrever.


 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por