Doenças 'do Aedes' causaram prejuízo de mais de R$ 2 bi ao país, sendo R$ 323,9 mi em Minas

Estadão Conteúdo
30/01/2018 às 13:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:02
 (Reprodução/Internet)

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O avanço pelo Brasil de três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti em 2016 causou ao país um prejuízo de pelo menos R$ 2,3 bilhões - um impacto de 2% no Produto Interno Bruto (PIB). Juntas, dengue, zika e chikungunya somaram naquele ano cerca de 2 milhões de casos, um drama para a saúde pública que trouxe junto prejuízos econômicos. O trabalho considerou também os gastos por Estados. Minas Gerais foi o campeão, com perdas de R$ 323.937.946, seguido de São Paulo, com R$ 255.470.166. O Nordeste, região mais afetada pela zika, somou R$ 761 milhões.

É o que aponta um estudo feito pela consultoria Sense Company, que faz análises econômicas para empresas farmacêuticas e realizou este trabalho sob encomenda da Oxitec, produtora de Aedes transgênicos.

"O impacto para cada lugar tem a ver com a ocorrência total de casos e também com a composição de casos, se de dengue, chikungunya ou de zika. Em 2016, em Minas foram notificados 528 mil casos só de dengue. Houve uma discrepância ali. Já o Nordeste apareceu com uma perda não tão alta, porque o custo tratamento agudo do zika não é dos mais caros e não conseguimos fazer uma estimativa de gastos futuros com a microcefalia. Se a gente incluísse os custos dessas complicações, certamente o peso desses Estados aumentaria também", afirma Vanessa Teich, professora do Insper, fundadora da Sense Company e líder do estudo. 

O trabalho levou em conta os custos de combate ao mosquito (por repasse de recursos federais para larvicidas e inseticidas, por exemplo), os custos médicos para diagnóstico e tratamento das doenças e os custos indiretos, pela falta ao trabalho por causa da doença e consequente perda da produtividade.

O valor é considerado pelos próprios autores como conservador, uma vez que não levou em conta prejuízos de longo prazo com a microcefalia e outras doenças neurológicas, por exemplo, nem com a morte de alguns pacientes.

"Representa o mínimo impacto que as doenças tiveram em 2016. É daí para cima", afirma Vanessa. "Se pensarmos que significa 2% do PIB, é um custo relevante de doenças que poderiam ser evitadas. É um gasto importante que poderia ser investido em outros fins, em outras áreas de saúde mesmo", defende.

O combate ao vetor representou a maior fatia dos custos - 64,6%. Custos médicos diretos responderam por 16% do total e os indiretos, por 19%. Os resultados, divulgados nesta terça-feira, 30, serão publicados no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde.

Segundo Vanessa, os dados refletem ainda um outro complicador - os gastos não têm efeito de longo prazo, de modo a assegurar o País contra novos surtos das doenças. Foram todos emergenciais. "Não vimos nenhum custo estrutural, que pudesse ser categorizado como investimento. São gastos em larvicidas, nos agentes de combate às endemias. Houve investimento em criar os centros de reabilitação para quem teve complicações de zika. Mas ainda terá de ter manutenção. É tudo para ações emergenciais", explica.

 
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