Domésticas tem reajuste acima de outras categorias

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
28/09/2013 às 08:03.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:51

O rendimento dos empregados domésticos deu um salto entre 2011 e 2012, quando o valor médio recebido passou de R$ 732 para R$ 822. No período, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário dos trabalhadores da categoria com carteira assinada aumentou 10,8%, enquanto os sem carteira tiveram um ganho menor, de 8,4%.

O índice é bastante superior ao registrado pelas demais profissões. Na média, os empregados com carteira assinada em geral tiveram uma elevação real de 4,6% no rendimento, com o salário passando de R$ 1.341 para R$ 1.403. Para os trabalhadores sem carteira assinada, a expansão foi de 5,6%, saltando de R$ R$ 778 para R$ 822.

A valorização maior do salário dos empregados domésticos, de acordo com o presidente da ONG Doméstica Legal, Mario Avelino, é reflexo da forma como o reajuste da categoria é feito.

Enquanto as demais classes profissionais dependem de uma convenção coletiva e, consequentemente, de uma negociação entre patrões e sindicatos, os empregados domésticos, em sua maioria, têm o reajuste atrelado ao salário mínimo.

Em janeiro de 2011, o salário mínimo era de R$ 540. Um ano depois, em 2012, foi para R$ 622, alta de 15,2%. “Quem recebia o piso, teve essa alta. Porém, a grande maioria recebe cerca de dois salários (R$ 1.244, em 2012). Nestes casos, o repasse é menor, puxando o índice um pouco para baixo”, diz Avelino.

Embora um pouco inferior ao registrado pelo salário mínimo, o reajuste das domésticas que ganham acima de um salário mínimo é quase o dobro da inflação medida em 2012, de 5,83%.

Na prática

A doméstica Andrea Maria Sampaio é exemplo de quem viu a renda deslanchar nos últimos anos. Natural de Curvelo, na Região Central do Estado, ela veio para Belo Horizonte com o objetivo de melhorar de vida e iniciou uma verdadeira empreitada na limpeza de residências.

Além do trabalho fixo em uma casa no bairro Barroca, na Região Oeste de Belo Horizonte, onde recebe R$ 1.356, Andrea presta serviço como diarista para mais outras quatro casas. “Trabalho todos os dias, mas fui recompensada”, diz, orgulhosa da quitação da casa própria.

Desemprego em queda turbina compra de bens
Além de adquirir duas casas em pouco mais de dez anos, e não ter nenhuma dívida atualmente, a empregada doméstica Andrea Maria Sampaio já comprou diversos eletrodomésticos. Mais uma vez, ela ajuda a engrossar as estatísticas da Pnad 2012, que aponta aumento da posse de bens semiduráveis entre 2011 e 2012.

Entre os produtos que apresentaram maior avanço na cobertura estão geladeira (de 95,8% para 96,7%); máquina de lavar roupa (de 51,0% para 55,1%) e televisão (de 96,9% para 97,2%).

Houve, ainda, elevação na quantidade de residências em que pelo menos uma pessoa possuía carro (de 40,9% para 42,4%) ou motocicleta (de 19,1% para 20%) para uso pessoal.

Na avaliação do professor de economia do Ibmec Reginaldo Nogueira, a quantidade maior de itens nas residências é reflexo direto da queda na quantidade de pessoas desempregadas. Entre 2011 e 2012, segundo a Pnad, houve retração de 7,2% na massa de desocupados.

Ele também cita a redução no Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para a linha branca e para veículos, medida do governo prorrogada em 2012 para incentivar o consumo.

“Somado a isso tudo, em 2012 o crédito estava farto. Ou seja, com mais gente trabalhando, com a facilidade de crédito e com os produtos a preços melhores, a qualidade de vida das pessoas aumentou”, comenta Nogueira.

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