Domingo vermelho: mata-se por qualquer motivo

Do Hoje em Dia
28/08/2012 às 06:08.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:48

Dois homens disparam uma submetralhadora espanhola e uma pistola contra alguns dos 120 frequentadores de uma casa de shows da capital, de propriedade de um tenente da PM reformado. Em Contagem, policiais trocam tiros com quatro homens armados com uma escopeta de repetição, uma pistola e um revólver. Nos dois casos, morrem seis pessoas e mais de uma dezena ficam feridas, entre elas três PMs. Outro domingo sangrento na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Observam-se nessas tragédias repetitivas alguns elementos que são comuns a todas elas. O principal é a desvalorização da vida. Mata-se por qualquer motivo. O assassinato se torna um fato banal, em razão da frequência com que ocorre em Minas e principalmente na Região Metropolitana. No primeiro semestre deste ano, a Secretaria de Defesa Social registrou em Minas 1.895 homicídios. Na região mais rica do Estado, foram 885.

Outro elemento verificável é a impunidade. Se o suspeito não é baleado e morto por policiais, como os três que morreram neste domingo, dificilmente eles vão pagar por seus crimes. A Polícia Civil alega que não tem efetivo suficiente para investigar tantos assassinatos. Hoje, quase metade dos que investigam homicídios está ocupada com inquéritos iniciados antes de 2007, enquanto os crimes mais recentes vão se acumulando sem prazo previsto para a conclusão.

O sentimento de impunidade, responsável também pela banalização do crime, fica ainda mais forte quando o suspeito é denunciado à Justiça e o processo não anda, porque os juízes se dizem assoberbados pelo grande acúmulo de processos em suas varas. Mesmo no caso de condenação, o criminoso pode continuar impune porque, diante da falta de vagas nas penitenciárias, não há empenho em prendê-lo ou em mantê-lo na prisão quando é preso.

Esse é o caso, conforme a PM, do principal alvo do tiroteio na casa de shows Viola Encantada. O homem de 28 anos, morto pelos dois rapazes que chegaram de moto e dispararam suas armas, teria um mandado de prisão em aberto contra ele, por homicídios. Seu matador tentava a fuga na garupa da motocicleta, levando a submetralhadora, quando foi morto por policiais que estavam por perto. Segundo a polícia, ele era fugitivo de uma penitenciária.

O tiroteio ocorreu pouco depois que acabou o pagode na casa de show do tenente reformado da PM. Aberta há um ano e meio, ela deverá ser fechada pelo dono, que se sente também inseguro para continuar seu negócio.

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