(Mariana Durães)
O dono de uma empresa de coaching de Belo Horizonte está sendo investigado por suspeita de abuso sexual. Nesta segunda-feira (21), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na Casa Coaching, que fica na rua Cláudio Manuel, na Savassi, e na casa do suspeito, no bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
De acordo com a PC, as investigações seguem sob sigilo e, por enquanto, a delegada responsável pelo caso não vai dar detalhes sobre os trabalhos. Apenas informou que, de acordo com as denúncias, "o suspeito estaria praticando o crime de violação sexual mediante fraude, contra suas alunas (art. 215 do Código Penal). Dentre as medidas judiciais decretadas, está a apreensão do passaporte do suspeito, bem como a suspensão das atividades profissionais por 60 dias".
Durante a ação, foram apreendidos celulares, notebooks, computadores, máquinas fotográficas, pendrives, cartões de memória que estavam na residência do suspeito.Polícia Civil/Divulgação A PC apreendeu cartões de memória, máquinas fotográficas, celulares e computadores
A reportagem do Hoje em Dia apurou que, pelo menos, seis mulheres já teriam prestado queixa contra o coach, sendo a mais nova de 19 anos.
Uma das vítimas, uma jovem de 29 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, prestou depoimento há cerca de duas semanas. De acordo com ela, o homem aproveitava o momento de vulnerabilidade das vítimas e utilizava os serviços oferecidos pela empresa como meditação, numerologia e misticismo para atraí-las. Depois, o homem se aproximava delas por mensagens em redes sociais.
A jovem contou que o suspeito ofereceu o serviço de coaching de graça, após ela afirmar que não poderia pagar. Segundo ela, as atitudes do profissional eram estranhas, mas pensou que fosse apenas mais um homem interessado nela. "As conversas eram sempre levadas para um lado sexual. Ele perguntava a cor da minha calcinha e dizia que minha energia sexual estava bloqueada, opinava sobre os homens com quem eu deveria me relacionar", conta.
Mas as coisas ficaram mais sérias quando, durante uma sessão de meditação, ele tocou as partes íntimas da jovem. "Ele pediu que eu permanecesse com os olhos fechados, encostada na parede, de frente para ele. Quando notei, ele já estava me encoxando. Saí muito assustada".
Com medo do que poderia acontecer, ela nunca teve coragem de denunciar, até que descobriu que a história havia se repetido com outras mulheres. "Contar essa história é sempre um sofrimento. Tenho muitos traumas com relacionamentos e até mesmo com a profissão de coaching. Não posso mudar o que aconteceu comigo, mas posso contribuir para não acontecer com mais ninguém", desabafa.
Na Casa Coaching, ninguém quis comentar as denúncias. Por meio da assessoria de imprensa, o suspeito disse que aguarda o recebimento de intimação e que está à disposição das autoridades.