(Luiz Costa)
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, não saiu satisfeito do encontro que teve, na quinta-feira (12), com a presidente Dilma Rousseff. "A presidente foi muito objetiva, eu vi ela reunir lá em Governador Valadares e ser firme com os diretores da Vale, de ligar e bater pesado com os caras, eu gostei da atitude dela. Mas eu tenho que dizer que houve uma falha. Porque nesse momento o que precisa ser feito é um fundo, para que toda região, não somente Mariana, saiba que a empresa já está disponibilizando pelo menos um recurso inicial", disse.
O prefeito reclamou que a multa aplicada pelo Governo Federal à empresa, de R$ 250 milhões, não tem caracter indenizatório e vai para os cofres da União. "Ela (multa) não atende a nós que fomos atingidos. Quero algo que fale assim, agora está atendendo, não só Mariana, mas daqui até lá em Colatina, porque é todo mundo ser humano, todo mundo sofrendo".
Segundo o prefeito, nem o Governo Federal, nem o Estadual, abriram mão de suas parcelas nos royalties do minério, em favor da cidade, conforme ele havia solicitado. "Tanto o governador Fernando Pimentel quanto Dilma acreditam que nesse momento toda responsabilidade deve ser cobrada da Samarco", explicou.
A intenção de Duarte Júnior era amenizar os impactos da paralização da atividade mineradora na arrecadação da cidade. O setor representa cerca de 80% da renda do município, que com os desdobramentos da tragédia deve cair drasticamente. Só a Samarco gera 1.800 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos. "Todos nós políticos somos responsáveis, porque não trabalhamos a diversificação econômica, mas nós somos dependentes totalmente da mineração".
Doações
Segundo o prefeito, o município já arrecadou R$ 150 mil em doações em dinheiro, feitas por cidadão solidários com a tragédia. Outros R$ 250 mil foram doados por uma empresa. De acordo com Duarte, este recurso será aplicado com a gestão de uma comissão. A prefeitura abriu duas contas específicas para receber doações em dinheiro para atender aos atingidos pelo rompimento das barragens da Samarco, na quinta-feira, dia 5 de novembro. As campanhas para recolher materiais, como roupas, sapatos foram suspensas temporariamente. De acordo com a administração municipal, o objetivo é avaliar se o total conseguido até agora já atende às necessidades da população.