Elite da Polícia Militar mineira se prepara para agir em eventual ataque terrorista na Olimpíada

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
18/04/2016 às 19:03.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:00
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

A ameaça de um ataque terrorista durante a Olimpíada no Brasil deixou de ser uma possibilidade muito remota e virou motivo real de preocupação. Após mensagens interceptadas de um membro do grupo Estado Islâmico revelarem que o país pode ser o próximo alvo do grupo, a classificação foi revista.

As autoridades da área de segurança pública trabalham para, além de prevenir esse tipo de situação, agir de forma rápida e eficiente, caso isso aconteça. Em Minas, grupos de elite da Polícia Militar passam por treinamentos relacionados a ações terroristas voltados, principalmente, para ataques biológicos, químicos e explosivos.

“A gente não espera que isso aconteça, mas tem que estar preparado, tem que ter uma tropa preparada para agir. São procedimentos que seguem padrão internacional”, explica o chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE) da PM, coronel Robson José de Queiroz.

“Nossa expectativa é a melhor possível, já que grandes seleções vão ficar e jogar aqui. Isso potencializa o turismo e coloca Minas no centro das atenções” Carlos Henrique Alves, secretário de Estado de Esportes

As equipes são as mesmas que atuaram durante os jogos da Copa do Mundo de 2014. Entretanto, os eventos têm diferenças substancias que devem ser consideradas, já que são determinantes quando o foco é a segurança.

“A Olimpíada tem um apelo midiático menor do que a Copa, mas é mais comercial. O tipo de público é bem diferente, vamos ter menos visitantes, mas de mais nacionalidades e bem espalhados. É preciso ainda considerar que já existe um histórico de ataque nos Jogos Olímpicos, como o que ocorreu em Munique”, afirmou o coronel, se referindo ao atentado que matou atletas na Vila Olímpica em 1972.

Na avaliação do professor de relações internacionais da PUC Minas, Jorge Lasmar, as distinções dos eventos é importante também no que diz respeito ao perfil de ação dos terroristas. “Aumenta o risco por causa da aglomeração de pessoas no mesmo lugar, muito mais do que na Copa do Mundo, e porque temos a presença da cobertura da mídia do mundo inteiro, e o terrorismo sempre buscou essa relação com a mídia, de cobertura mais ampla possível”, ressalta.

Alvos

Há que se considerar ainda a presença de delegações avaliadas como mais sensíveis, no caso de ataques terroristas. Uma delas, o Reino Unido, vai passar por Minas durante o processo de aclimatação e preparação para os Jogos de 2016.

“Sem dúvida é motivo para cuidado maior. O Brasil pode não ser o fim, mas pode ser usado como meio. Dizer que nunca houve atentado não quer dizer que estamos livres de atividades, pode ser que o recrutamento aconteça aqui, o que faz parte do fenômeno”, avalia Lasmar.

Com base nesse tipo de análise, as forças policiais mineiras têm focado em treinamentos e compartilhamentos de experiências com o Exército e equipes americanas especializadas no combate a este tipo de problema. 

462 policiais militares fazem parte do Gate e do Batalhão de Choque em Minas

Os treinamentos foram iniciados há alguns meses e permanecem até na vésperas da Olimpíada. Enquanto o Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate) fica focado em ameaças biológicas, o Choque se concentra na área de gestão de multidões.

“Napoleão dizia que poderia passar a vida inteira sem ter guerra, mas seu exército sempre deveria estar preparado para uma. Este é o nosso pensamento hoje”, afirma o comandante do CPE.

Tais esforços, na visão de Lasmar, devem ser mantidos, já que a questão não se encerra com o fim dos Jogos. “Como há um aumento da segurança natural durante o evento, é possível que haja disposição para atentados também depois”, alerta o especialista.
 


Equipamentos

Além dos treinamentos intensificados de combate ao terrorismo, o Gate deverá contar com um melhoramento logístico para atuar na Olimpíada. Novos coletes balísticos e equipamentos de visão noturna serão adquiridos para garantir mais eficiência na atuação.

“Se acontecer alguma ação terrorista, temos que estar preparados para uma resposta à altura. O Brasil pode não ter histórico de ataque deste tipo, mas o evento em si tem”, afirma o subcomandante do Gate, major Alexandre Oliveira.

Ao todo, serão empenhados para os trabalhos durante os Jogos Olímpicos 101 policiais do grupamento de elite da Polícia Militar mineira. O foco de ação será voltado para as varreduras nos locais das competições e nas solicitações relacionadas com ameaças de ataques a bomba ou via utilização de agentes biológicos.

Confira os vídeos:






 

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